Genes aumentam propensão para a hipertensão
As conclusões surgem da análise de 16 variantes genéticas de 12 genes relacionadas com o aumento do risco de hipertensão e de sensibilidade ao sal, que estudaram 1.852 amostras, retiradas da amostra global do estudo Portuguese HYpertension and SAlt Study (PHYSA) da Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH) apresentado há um ano que envolveu 3.720 adultos, sendo representativo da população portuguesa continental, e revelou que a prevalência de hipertensão (HTA) é de 42,2% e que 57,4% dos hipertensos não estão controlados.
A primeira análise revela que existem duas variantes genéticas associadas a um risco aumentado de hipertensão (de 22% e 16%), o que significa que quem possuir uma destas duas variantes tem 22% ou 16% de maior probabilidade de vir a desenvolver a doença. Por outro lado, o estudo indica também que existe uma outra variante genética associada a um risco diminuído de hipertensão, que diminui em 25% a propensão para a hipertensão.
Existem ainda duas variantes genéticas associadas ao aumento da sensibilidade ao sódio (sal) e outras duas variantes genéticas associadas a um risco aumentado de eventos cardiovasculares e diabetes (de 23% e 19%).
Segundo Fernando Pinto, Presidente da SPH, “estes resultados, apesar de preliminares porque não envolvem a amostra global do estudo PHYSA: foram estudados 1.852 amostras de um total de 3.720, são muito interessantes, não só pela magnitude da amostra e pelo elevado número de genes que foram estudados em simultâneo, algo que nunca fora feito no nosso país anteriormente, mas também por confirmarem que na população portuguesa existem algumas pessoas com maior risco de desenvolver a HTA, quer directamente quer por aumento da sensibilidade ao sal.”
Tendo em conta estes resultados a SPH lembra que, independentemente de ser mais ou menos propenso para a doença, é necessário adoptar estilos de vida saudáveis, ter uma alimentação adequada onde o sal deve ser substituído por especiarias e condimentos e adoptar uma prática regular de exercício físico.
“Estes resultados permitem abrir mais uma porta e ficar com a noção de apesar de o principal factor de risco ser um estilo de vida desapropriado – com má alimentação, falta de exercício físico e excesso de peso - algumas pessoas vão ter sempre maior probabilidade de desenvolver a doença”, esclareceu Fernando Pinto.
Este novo conhecimento aponta para a necessidade de estas pessoas terem um acompanhamento mais apertado e mais cuidados de saúde, como medir a pressão arterial, retirar o sal da alimentação, substituindo-o por condimentos, e adoptar uma prática regular de exercício físico.
“Quando houver historial na família, se calhar essas pessoas vão ter indicação para fazer o diagnóstico genético, para poderem prevenir que o aparecimento da hipertensão ocorra o mais tardiamente possível”, considerou.
Para Fernando Pinto, este estudo é “mais um grande passo na investigação científica e vem mais uma vez mostrar que quando há esforço dos profissionais, sem qualquer apoio financeiro (apenas o esforço da SPH), temos massa cinzenta. A grande qualidade dos investigadores portugueses permite-lhes, com poucos ovos, fazer muitas omeletes”.
No decorrer do ano de 2014 a SPH espera concluir o estudo que poderá contribuir significativamente para o diagnóstico e tratamento desta causa de mortalidade e morbilidade.
A apresentação oficial destes resultados terá lugar no 8º Congresso Português de Hipertensão que decorre entre os dias 20 a 23 de Fevereiro, no Tivoli Marinotel, em Vilamoura.