Fertilidade nas mulheres com insuficiência renal crónica aumenta após transplante
“A fertilidade é baixa nas mulheres com insuficiência renal crónica avançada (ocorrem 0,3 a 1,5 gravidezes por 100 mulheres/ano, em idade fértil e submetidas a hemodiálise). Após o transplante, a fertilidade aumenta significativamente (3,3 gravidezes por 100 mulheres/ano em idade fértil), apesar de continuar a ser inferior à da população em geral (10 gravidezes por 100 mulheres/ano em idade fértil)”, explica Luís Freitas, nefrologista na consulta de Nefro-Obstetrícia da Maternidade Daniel de Matos do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.
O planeamento e acompanhamento, como já foi referido, são essenciais. “É aconselhável esperar um ano, após o transplante de dador-vivo, e 2 anos, após o transplante de rim de cadáver, de modo a deixar estabilizar a função do enxerto, reduzir o risco de exposição às doses elevadas de fármacos imunossupressores, utilizadas no pós-transplante precoce e deixar passar o período de maior ocorrência de episódios de rejeições agudas. Há fármacos contra-indicados durante a gravidez (alguns imunossupressores e anti-hipertensores), que devem ser substituídos de forma planeada”, refere o nefrologista.
A necessidade de acompanhamento por uma equipa médica multidisciplinar advém dos riscos associados a esta gravidez: “os riscos maternos (maior ocorrência de pré-eclampsia, eventualmente diabetes gestacional, existindo em situações extremas risco de morte), e riscos fetais (prematuridade, restrição de crescimento intra-uterino e com alguma frequência morte fetal)”, refere Luís Freitas.
O especialista sublinha ainda que “existem em Portugal serviços de Obstetrícia já com longa experiência no acompanhamento destes casos”. E deixa o conselho: “As mulheres transplantadas que pretendam engravidar, ou que tenham engravidado acidentalmente, devem informar-se junto do médico nefrologista assistente, que as orientará adequadamente”.