Dor crónica custa mais de 4 mil milhões de euros por ano
“A investigação demonstrou que os custos directos anuais, relacionados com consultas, exames e tratamentos para a dor, atingiram um valor de 1.997 milhões de euros, enquanto os custos indirectos anuais, devidos ao absentismo, aposentação precoce e perda de emprego, atingem os 2.645 milhões de euros, contabilizando, assim, um custo total anual de 4.611 milhões de euros. Este valor é manifestamente significativo, representando 2,7% do PIB nacional”, explicou o investigador Luís Azevedo.
O estudo determinou ainda que a média dos custos totais anuais por indivíduo com dor crónica foi de 1.883 euros, estando 43 por cento relacionados com custos directos (807 euros) e 57 por cento com custos indirectos (1.080 euros).
“Além da sua alta frequência e o seu impacto individual e social, a dor crónica tem mostrado estar fortemente associada a uma grande utilização de serviços de saúde, a uma importante redução da produtividade no trabalho e consequentemente a grandes custos directos e indirectos”, salientou o investigador principal do estudo.
Os custos directos de saúde foram calculados por cada paciente, adicionando os custos de medicamentos para a dor, as modalidades não-farmacológicas de tratamento da dor, consultas nos cuidados de saúde primários e hospitalares, consultas com outros profissionais de saúde e exames complementares de diagnóstico realizados.
Por outro lado, os custos indirectos, associados à produtividade perdida devido ao afastamento temporário do trabalho, aposentação precoce e perda de emprego, foram calculados com base no número de dias de trabalho perdidos da população activa e o rendimento diário nacional de cada classe específica.
O estudo foi realizado, numa primeira fase, a partir de uma amostra de 5.094 pessoas, selecionadas aleatoriamente e representativas da população adulta portuguesa. A segunda fase do estudo contemplou uma análise mais detalhada de 562 pessoas com dor crónica identificadas na primeira fase.
Em Portugal, a dor crónica afecta mais de 30 por cento dos adultos portugueses. É uma situação de dor persistente que, se não for seguida e tratada de modo adequado, poderá afectar gravemente a qualidade de vida das pessoas e pode levar à incapacidade total ou parcial para o trabalho.
Os resultados finais do estudo serão apresentados no Fórum Futuro 2014, no próximo sábado, em Oeiras.