Doentes de Hepatite C esperam fármaco que já devia ter sido aprovado
Esta associação faz hoje, em conferência de imprensa, um ponto da situação relativo a este novo fármaco, aprovado a nível europeu em Janeiro e a aguardar a aprovação em Portugal pela Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed), com testemunhos de vários doentes.
Emília Rodrigues, dirigente da SOS Hepatites, disse que este novo medicamento, o Sofosbuvir, tem uma taxa de cura de 90% e é o único que dá para todos os genótipos e pode ser usado pré e pós transplante, estando vários doentes à espera, com casos que até já evoluíram para cirroses.
Segundo a responsável, depois da aprovação do Sofosbuvir pela Agência Europeia do Medicamento (EMA), este medicamento deu entrada no Infarmed a 22 de Janeiro, estando previsto um prazo máximo de 90 dias para a sua aprovação.
Emília Rodrigues destaca que, mesmo que se trate de 90 dias úteis, esse prazo já terminou e os doentes continuam à espera do único medicamento que os pode salvar.
Esta situação tem obrigado os hospitais a recorrer a pedidos de autorização de utilização excepcional.
Segundo a responsável, um dos problemas para este entrave é o preço do medicamento, que custa 48 mil euros, para três meses de tratamento.
Outro problema que vai ser apresentado pela associação diz respeito à dificuldade de acesso dos doentes ao medicamento Boceprevir (para o genótipo 1), já aprovado em Portugal, mas que alguns hospitais têm dificuldade em disponibilizar, por dificuldades financeiras.
Em Maio, um grupo de peritos apresentou um documento no qual aconselha Portugal a adoptar novos modelos de financiamento e negociação que garantam o acesso dos doentes com hepatite C aos medicamentos mais eficazes, estimando-se que a doença custe anualmente 70 milhões de euros.
Alguns dias depois, o ministro da Saúde, Paulo Macedo, sugeriu na Assembleia Mundial da Saúde uma aliança de vários países para uma “maior clarificação dos preços” dos novos medicamentos para a hepatite C, lembrando que os preços dos novos fármacos para esta doença “têm um considerável impacto no orçamento da saúde”.