Doença renal crónica tem implicações no desenvolvimento das crianças
A doença renal em crianças e adolescentes é um dos temas que vai ser discutido no Encontro Renal 2014, que acontece entre os dias 9 a 12 de Abril, em Vilamoura.
O diagnóstico tardio é a principal causa de comprometimento da função renal nas crianças e adolescentes. De acordo com os últimos dados do Gabinete de Registo das Biópsias Renais da Sociedade Portuguesa de Nefrologia (SPN), do total de biópsias renais realizadas no ano de 2013 – 788 - 15 foram realizadas na população com menos de 15 anos, o que corresponde a 3,3%.
“Se a doença renal não for diagnosticada precocemente, a criança pode desenvolver outras doenças associadas” refere Fernanda Carvalho, nefrologista e vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Nefrologia (SPN).
E acrescenta: “Lesões renais mais graves podem levar à perda progressiva da função dos rins, com doença renal terminal, obrigando a recorrer à diálise e ao transplante renal.”
Grande parte destas doenças é hereditária ou acontecem durante a gestação. No entanto, embora menos comum, a diabetes e a hipertensão arterial também podem levar à doença renal crónica.
É importante que os pais estejam atentos a todos os sinais de alerta – edemas, cor e odor da urina, sinais de cansaço e atraso de crescimento. As crianças devem manter uma alimentação equilibrada, rica em frutas e vegetais, beber água e serem incentivadas à prática de exercício físico.
O Encontro Renal 2014 é o maior evento médico e científico da área da Nefrologia em Portugal, que este ano integra o XXVIII Congresso da APEDT - Associação Portuguesa de Enfermeiros de Diálise e Transplantação.
Em Portugal, estima-se que cerca de 800 mil pessoas deverão sofrer de doença renal crónica. A progressão da doença é muitas vezes silenciosa, o que leva o doente a recorrer ao médico tardiamente, já com menos possibilidade de recuperação.
Todos os anos surgem mais de dois mil novos casos de doentes em falência renal. Em Portugal existem actualmente cerca de 16 mil doentes em tratamento substitutivo da função renal (cerca de 2/3 em diálise e 1/3 já transplantados), e cerca dois mil aguardam em lista de espera a possibilidade de um transplante renal.
Mesa redonda no Encontro Renal 2014
A promoção da transplantação em Portugal e do transplante renal de dador vivo em particular poderão contribuir para diminuir o tempo de espera por um transplante e essa será a forma mais eficaz de evitar o turismo de transplante, defende a Sociedade Portuguesa de Transplantação (SPT).
Notícias recentes dão conta do facto de ter havido portugueses a pagar por órgãos e transplantes realizados na China e no Paquistão, uma situação que a SPT tenta combater. Fernando Macário, presidente da SPT considera que “nada justifica este tipo de procedimentos”. E realça que “para a saúde do dador as consequências podem ser devastadoras pois ao ser sujeito a um processo cirúrgico complexo sem as condições exigíveis no actual estado da arte, pode ter complicações cirúrgicas a curto prazo e médicas a longo prazo. Para o receptor existe risco significativo de complicações cirúrgicas, infecciosas e até de rejeição do órgão transplantado”.
São do conhecimento da SPT dois tipos de situações que envolveram cidadãos portugueses “nalguns casos houve doentes portugueses deslocaram-se ao estrangeiro com os seus familiares para se submeterem ao procedimento em unidades de saúde da sua escolha. Não houve lugar a dadores pagos ou coagidos. Noutros casos deslocaram-se a países com regras mal definidas na doação de órgãos para receber um rim de dadores desconhecidos e que podem ter sido pagos para a doação”.
Para a realização de mais colheitas de órgãos pode contribuir a certificação de unidades privadas com capacidade para fazê-lo, assim como a estimulação do transplante renal de dador vivo, prática que a SPT tem vindo a divulgar em campanhas de sensibilização e esclarecimento da população.
A SPT vai promover uma palestra com o título “Turismo de transplantes: como proceder perante o problema?” incluída na mesa redonda “Transplantes renais menos que perfeitos” organizada conjuntamente com a Sociedade Portuguesa de durante o Encontro Renal 2014.
Mais informações e programa completo do Encontro Renal 2014 em www.spnefro.pt/Encontro_Renal_2014/principal.html.