Médico do hospital de Portimão desenvolve

Dispositivo para tratar otite serosa que evita cirurgias

Um tratamento não invasivo para a otite serosa com recurso a um dispositivo acoplado a um boneco de peluche está a permitir que dezenas de crianças, no Algarve, sejam retiradas das listas de espera para cirurgia.

O médico Armin Bidarian Moniri, que criou o dispositivo acoplado a um boneco de peluche está a permitir que dezenas de criança sejam tratadas à otite serosa sem recurso à cirurgia, disse que desde que começaram os primeiros estudos, no serviço de Otorrinolaringologia do hospital de Portimão, entre 2010 e 2011, já houve cerca de uma centena de crianças que evitaram a cirurgia. Foi neste hospital que o dispositivo foi inteiramente desenvolvido. Segundo o médico, o equipamento reduz 80% das cirurgias.

“A maior parte destas crianças ficam a ouvir melhor apenas passadas duas a quatro semanas de tratamento”, afirmou, explicando que o tratamento é baseado em manobras também usadas por pilotos e mergulhadores, como exalar forçadamente com a boca fechada e o nariz tapado.

O dispositivo consiste numa máscara com um tubo acoplados a um boneco de peluche, que tem um balão que se enche de ar quando se tenta expirar e ainda uma bomba, que pode ser accionada por um adulto se a criança ainda for demasiado pequena para conseguir soprar.

Segundo Armin Moniri, a diferença entre a otite aguda e a otite serosa é que esta é assintomática, habitualmente não causa febre e caracteriza-se pela presença de líquido no ouvido, o que pode causar dificuldades de audição, muitas vezes difíceis de detectar pelos pais. “A membrana timpânica tem que ter mobilidade normal para termos audição normal e o líquido lá dentro impede este movimento normal e a criança fica com falta de audição”, observou.

De acordo com médico do Serviço de Otorrinolaringologia no Centro Hospitalar do Algarve, apesar de a cirurgia nestes casos ser relativamente simples, implica sempre anestesia geral e ainda o risco de perfuração permanente da membrana timpânica, o que pode obrigar a nova cirurgia.

O médico Armin Moniri, sueco de origem persa, formado em Medicina pela Universidade de Bergen, na Noruega, é o criador do dispositivo para o tratamento da otite seromucosa em crianças, já patenteado por si e que até ao verão deverá começar a ser comercializado. Com 39 anos, o médico e professor convidado do curso de Medicina da Universidade do Algarve, foi galardoado em Janeiro pela Rainha da Suécia pela sua investigação, que é também um dos temas do doutoramento iniciado na Suécia: “Apneia do Sono em adultos e otite seromucosa em crianças”.

Fonte: 
Sapo Saúde
Nota: 
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