Descoberto o “elo perdido” na Doença de Alzheimer
Ao bloquear a proteína com um medicamento que já tem sido fabricado, os cientistas foram capazes de restaurar a memória de ratos de laboratório que tinham danos cerebrais semelhantes aos causados pela doença. O estudo foi publicado na edição desta quarta-feira da revista especializada Neuron. "O mais animador é que, entre todas as ligações nesta cadeia molecular, esta é a proteína que mais facilmente pode ser atingida por medicamentos", afirmou o professor de neurologia Stephen Strittmatter, um dos autores da pesquisa. "Isto dá-nos grande esperança para que possamos encontrar uma droga que funcione para diminuir o peso (sobre os pacientes) do Alzheimer."
Cientistas já tinham obtido um mapa molecular capaz de mostrar como a Doença de Alzheimer destrói os neurónios. Num estudo anterior, o laboratório coordenado por Strittmatter mostrou que o peptídeo beta-amiloide, uma marca desta doença, se une a proteínas príons na superfície das células nervosas. Através de um procedimento ainda desconhecido, essa ligação activa um mensageiro molecular dentro da célula chamada Fyn.
O artigo dos pesquisadores da Universidade Yale revela o “elo perdido” nessa corrente: uma proteína dentro da membrana celular conhecida como mGluR5 - receptor metabotrópico de glutamato 5. Quando essa proteína é bloqueada por um medicamento parecido com o que está actualmente a ser desenvolvido para a síndrome do X frágil (ou síndrome de Martin & Bell), as deficiências na memória, aprendizagens e densidade de sinapses foram restauradas num rato de laboratório com um modelo de Alzheimer.
Strittmatter ressaltou que novas drogas podem ter de ser desenvolvidas para atingir precisamente o rompimento da proteína amiloide (príon) na mGluR5 para os pacientes humanos com Alzheimer, e afirmou que o seu laboratório está a pesquisar maneiras de chegar a esse resultado.
Num outro estudo, publicado há pouco menos de um mês, cientistas explicaram como a combinação entre uma proteína e uma enzima dá início à degeneração celular característica da doença. "É como separar fisicamente a pólvora do fósforo de tal maneira que a explosão é prevenida", disse Subhojit Roy, professor da Universidade da Califórnia em San Diego. "Saber como a pólvora e o fósforo são separados pode dar-nos novas pistas sobre a possibilidade de parar a doença." A descoberta poderia, no futuro, ajudar a tratar e até mesmo a prevenir a doença.