Desafios na saúde respiratória em Portugal
A Telemedicina na gestão da doença respiratória crónica e a Reabilitação Respiratória são os temas em destaque neste congresso que aborda propostas para enfrentar os desafios que a área enfrenta em Portugal.
Teles de Araújo, Presidente da Fundação Portuguesa do Pulmão (FPP), explica que “a realidade das doenças respiratórias em Portugal levanta inúmeros desafios que tornam difícil diminuir o seu impacto e garantir aos doentes uma melhor qualidade de vida. Neste Encontro pretendemos abordar, precisamente, quais são estes desafios e apresentar soluções para enfrentá-los e promover uma melhor saúde respiratória em Portugal.”
Ao longo dos dois dias do Congresso, decorrem vários momentos de formação que pretendem a partilha de conhecimento e das melhores soluções para a área da saúde respiratória. No primeiro dia pelas 16h45, realiza-se um workshop sobre a Telemedicina, onde são apresentados e analisados os resultados de projectos-piloto que estão já a ser implementados em Portugal.
Teles de Araújo defende que “a Telemedicina tem-se evidenciado, cada vez mais, como uma ferramenta útil na gestão da doença respiratória crónica. A verdade é que, para além de garantir uma constante e acessível monitorização do estado do doente, permite também poupar custos ao Serviço Nacional de Saúde, ao evitar idas às urgências e internamentos cujo custo médio por doente é de 1500€, e mesmo para o doente que evita despesas na deslocação às unidades de saúde.”
No segundo dia do Congresso decorre uma formação sobre a Reabilitação Respiratória, uma intervenção interdisciplinar, abrangente e integrada, indicada como parte integrante do tratamento de doentes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) sintomáticos, bem como com outras doenças respiratórias crónicas. Nesta formação, são abordadas as bases, os fundamentos e os objectivos da Reabilitação Respiratória, desde o momento de avaliação do doente, ao programa de treino e à estratégia de modificação comportamental.
“A Reabilitação Respiratória é um ponto essencial no tratamento de doentes crónicos respiratórios. Os seus benefícios a nível da redução dos sintomas de fadiga e dispneia, reversão da ansiedade e depressão associadas, melhoria da tolerância ao esforço e melhoria na capacidade para a realização das tarefas da vida diária, estão já comprovados. Contudo, o que verificamos é que Portugal revela uma das mais baixas taxas de doentes em Programas de Reabilitação Respiratória que se conhece, com apenas cerca de 0,1%, dos cerca de 700.000 doentes que deveriam estar enquadrados nestes programas”, realça o presidente da FPP.
Será, ainda no Congresso, estabelecido um protocolo de cooperação entre a FPP e a Linde Saúde, para monitorização dos doentes respiratórios crónicos inseridos no Programa de Reabilitação Respiratória do primeiro Centro de Reabilitação Respiratória AIR Care Centre®, recentemente inaugurado em Lisboa.
A patologia respiratória do sono, o cancro do pulmão e o impacto das pneumonias em Portugal são alguns dos temas também abordados ao longo dos dois dias. O Congresso conta com a presença de especialistas de renome e representantes de entidades na área da saúde, como Francisco George, Director Geral de Saúde, Henrique Martins, Presidente do SPMS (Serviços Partilhados do Ministério da Saúde), Agostinho Marques Director da Faculdade de Medicina do Porto e Helena de Freitas, Vice Reitora da Universidade de Coimbra
Sobre as doenças respiratórias:
- Em 2012 morreram por doenças respiratórias cerca de 14 mil portugueses;
- Em Portugal, a mortalidade por doenças respiratórias constitui a terceira principal causa de morte. Estas são responsáveis por cerca de 19% dos óbitos, logo a seguir às doenças cardiovasculares e neoplasias.
- O Relatório do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias 2013 revela que, em apenas um ano, a mortalidade por doenças respiratórias aumentou 16,58%.
- Estima-se que em 2020 as doenças respiratórias sejam responsáveis, no mundo, por cerca de 12 milhões de mortes anuais, atribuindo-se à DPOC mais de três milhões de óbitos. A DPOC é uma das doenças respiratórias mais comuns e que afecta cerca de 14% da população portuguesa com mais de 40 anos.