“Avaliação de desempenho dos hospitais públicos (internamento)”

Coimbra destrona S. João e é o melhor hospital do país

O Centro Hospitalar Universitário de Coimbra ascendeu, pela primeira vez, em 2012, ao 1.º lugar no ranking dos 10 melhores hospitais. Destronou o S. João, no Porto, que estava no topo da tabela há três anos.

Um pior desempenho em termos de mortalidade global (embora continue no topo da tabela) e piores resultados em 10 dos 17 agrupamentos de doenças analisados - passando a liderar apenas nas doenças cardíacas e vasculares, pediátricas e doenças do sangue e órgãos linfáticos, em vez dos sete agrupamentos que liderava em 2011 - terão levado o distinguido Centro Hospitalar de S. João, no Porto, a ser destronado pelo Centro Hospitalar Universitário de Coimbra (CHUC) no ranking dos 10 melhores hospitais de 2012, passando a ocupar o segundo lugar da tabela.

Há quatro anos que o CHUC ocupava sempre um dos três primeiros lugares no pódio e, em 2012, ascendeu ao 1º lugar. Carlos Costa, um dos coordenadores do estudo - “Avaliação de desempenho dos hospitais públicos (internamento)”, que a Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) publica desde 2005 e que sempre suscita polémica -, avança uma explicação: em 2012 o CHUC foi o segundo melhor hospital em termos de evolução da mortalidade e o melhor nas complicações de cuidados. Conquistou também a 1ª posição em cinco dos 17 agrupamentos de doenças e está entre as cinco primeiras posições noutros cinco agrupamentos.

O CHUC conquistou ao S. João a liderança nas doenças digestivas e endócrinas e nas metabólicas, manteve a liderança nas ginecológicas e obstétricas, nas neoplásicas e respiratórias e perdeu as doenças de ouvidos, nariz e garganta para o IPO Coimbra. Carlos Costa explica que cerca de 60% dos óbitos nestas doenças são de cancro, “onde o IPO Coimbra é melhor que os restantes hospitais”.

O ranking parece confirmar que os grandes hospitais são os que dão mais garantias de qualidade aos doentes: nas cinco primeiras posições estão hospitais de Coimbra, Lisboa, Porto. A seguir ao CHUC e ao São João, no terceiro lugar está o Centro Hospitalar Lisboa Norte (Santa Maria), o Centro Hospitalar Lisboa Central e o Centro Hospitalar do Porto. Só em 7º lugar aparece um hospital do interior, o Centro Hospitalar Tondela Viseu, que já chegou a ocupar o 2º lugar do ranking em 2010.

Outras novidades são a entrada do CH do Porto, ausente do ranking há pelo menos três anos, para o 5º lugar da tabela, tendo sido, juntamente com o CHUC, o hospital com melhor evolução no top 10. O factor “mais decisivo” para o regresso do Centro Hospitalar do Porto ao top 5 foi a melhoria da mortalidade e das readmissões, bem como um conjunto de “melhorias relevantes” em nove agrupamentos de doenças, com destaque para as doenças infecciosas, renais, neurológicas, respiratórias e oftalmológicas.

Outra novidade foi a subida do Centro Hospitalar Lisboa Ocidental do 10º para o 6º lugar; e o “tropeção” dos hospitais de Tondela-Viseu e Leiria-Pombal que passam, respectivamente, das posições 4 e 5 em 2011 para 7º e 10º em 2012.

Alexandra Guedes, assessora da direcção clínica do hospital Tondela-Viseu, desvaloriza a queda de três posições. “Os nossos serviços não pioraram de certeza. Espero que a descida seja apenas porque os outros hospitais melhoraram bastante”, disse reconhecendo, contudo, a dificuldade na contratação de pessoal. “Os nossos recursos são finitos, mas fazemos com que não se reflictam nos cuidados aos doentes, motivando e envolvendo os profissionais que estão a fazer mais com menos”, assegura.

O ranking da Escola Nacional de Saúde Pública avalia a qualidade dos hospitais com base apenas nos resultados e tem em conta os episódios de internamento. O cálculo é feito com base na média ponderada da mortalidade (que vale 75%) e na média ponderada das complicações e readmissões (que valem 12,5% cada). É avaliado o desempenho global dos hospitais e o seu desempenho em 17 agrupamentos de doenças.

Para o ranking de 2012, foram analisados 870.631 episódios de internamento, num total de 542 doenças e 44 hospitais.

Carlos Costa explicou que esta metodologia “identifica e mede os indicadores de resultados de saúde e a qualidade dos cuidados prestados, não pretendendo identificar as causas que os originaram”, o que é considerado pouco por alguns dos críticos do ranking, que apontam como fragilidades o facto de o estudo não ter em conta as transferências de doentes entre hospitais e as diferenças entre hospitais de fim de linha e hospitais com pouca diferenciação.

No entender do professor da ENSP, compete aos hospitais, órgãos regionais e ao Ministério da Saúde investigar se o desempenho identificado se deve a problemas de qualidade de informação (que admite existir), a problemas de estrutura (designadamente à quantidade e experiência dos recursos humanos e à tecnologia) ou a questões associadas ao processo de tratamento dos doentes. No limite, defende que se os maus resultados destes serviços persistirem, e não houver planos de melhoria que resultem, a tutela e os hospitais devem equacionar fundir ou fechar esses serviços.

Fonte: 
Jornal de Notícias Online
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.
Foto: 
ShutterStock