Cientistas anunciam composto que combate coronavírus
Os coronavírus afectam o sistema respiratório dos humanos e são responsáveis por até um terço de todas as constipações.
Uma estirpe mais severa do vírus, que terá sido transmitida por morcegos, provocou a epidemia da Síndrome Respiratória Aguda Severa (SRAS) de 2002, que matou quase 800 pessoas.
A Síndrome Respiratória do Médio Oriente (MERS) é a nova estirpe, descoberta na Arábia Saudita em 2012 e que terá tido origem em camelos.
Mais mortal, mas menos contagiosa, infectou até agora 636 pessoas, das quais 193 acabaram por morrer.
Agora, uma equipa de investigadores liderada por Edward Trybala, da Universidade de Estocolmo, na Suécia, e Volker Thiel, da Universidade de Berna, na Suíça, diz ter descoberto um composto chamado K22, que parece bloquear a capacidade do vírus de se alastrar em humanos. Os cientistas começaram por reparar que o K22 era capaz de combater uma forma fraca do coronavírus, que provoca sintomas semelhantes ao das constipações, e demonstraram depois que o mesmo composto combate estirpes mais sérias, incluindo a SRAS e a MERS.
Num artigo publicado na revista PLOS Pathogens, os cientistas explicam que o vírus se reproduz em células do sistema respiratório humano. O vírus controla as membranas que separam diferentes partes das células humanas, transformando-as numa espécie de armadura em volta de si mesmo para começar o seu ciclo de reprodução.
O K22 actua numa fase anterior, evitando que o vírus controle as membranas das células.
“Os resultados confirmam que o uso da membrana da célula hospedeira é um passo crucial no ciclo de vida do vírus”, escrevem os investigadores.
Os cientistas defendem que o actual surto de MERS aconselha um investimento urgente em ensaios com o K22 fora do laboratório e no desenvolvimento de medicamentos.
A Arábia Saudita tem sido o país mais afectado pela MERS, com a maioria dos casos registados e das mortes, mas o Egipto, a Jordânia, o Líbano, a Holanda, os Emirados Árabes Unidos, e os EUA também já registaram casos de infecção, a maioria dos quais de pessoas que tinham estado na Arábia Saudita.
A Organização Mundial de Saúde admitiu há duas semanas que a sua preocupação com a MERS “aumentou significativamente”.
As preocupações centram-se no rápido aumento de casos, na fragilidade sistémica na prevenção e controlo da infecção, assim como nas falhas existentes na informação clínica e na possível exportação de casos para países especialmente vulneráveis.
O vírus provoca uma infecção pulmonar e os afectados sofrem de febre, tosse e dificuldades respiratórias, não havendo por enquanto tratamento preventivo para a doença.