Álcool mata mais do que o VIH ou a violência
A proporção de mortes associadas ao álcool é superior à mortalidade ligada ao VIH (2,8%), à violência (0,9%) e à tuberculose (1,7%), conclui ainda a OMS no seu “Relatório global sobre o álcool e a saúde 2014”.
“Precisamos de fazer mais para proteger as populações das consequências negativas do consumo de álcool para a saúde”, disse Oleg Chestnov, director-geral adjunto da OMS para as doenças não transmissíveis e a saúde mental.
Citado num comunicado da organização, o responsável sublinha que “não há espaço para complacência quando se trata de reduzir o consumo nocivo de álcool”.
O consumo nocivo de álcool é definido pela OMS como o consumo que causa consequências negativas para o consumidor, as pessoas que o rodeiam e a sociedade como um todo, assim como padrões de consumo associados com o aumento do risco de problemas de saúde.
Segundo a organização sediada em Genebra, o consumo de álcool pode provocar dependência, mas também aumentar o risco de mais de 200 doenças, incluindo cirrose hepática e alguns cancros.
O consumo nocivo pode ainda provocar violência e ferimentos, assim como pode aumentar a suscetibilidade dos consumidores a doenças infeciosas como tuberculose ou pneumonia.
Segundo o relatório hoje publicado, cada habitante do mundo com mais de 15 anos consome em média 6,2 litros de álcool puro por ano, o que equivale a 13,5 gramas de álcool puro por dia.
No entanto, como apenas 38,3% das pessoas bebe realmente álcool, aqueles que bebem consomem em média 17 litros de álcool puro por ano.
O documento sublinha ainda que há uma maior percentagem de mortes relacionadas com o consumo de álcool entre os homens do que entre as mulheres (7,6% das mortes masculinas contra 4% das mortes femininas), embora as mulheres sejam mais vulneráveis a algumas doenças relacionadas com o álcool do que os homens.
Além disso, os autores mostram-se preocupados com o aumento constante do consumo de álcool entre as mulheres. “Constatámos que em todo o mundo cerca de 16% dos consumidores têm episódios de consumo excessivo, que é o mais prejudicial para a saúde”, explicou Shekhar Saxena, director para a saúde mental e o abuso de drogas e outras substâncias na OMS.
A nível global, a Europa é a região com o consumo per capita mais elevado, com alguns países a registarem níveis particularmente altos.
O relatório conclui que o nível de consumo se tem mantido estável nos últimos cinco anos na Europa, na África e nas Américas, mas tem aumentado no Sudeste asiático e no Pacífico Ocidental.
A OMS estabeleceu em 2011 a necessidade de acção intensiva para reduzir o consumo de álcool, considerado um dos quatro factores de risco, juntamente com o tabaco, a alimentação desequilibrada e a falta de exercício físico, para a epidemia de doenças não transmissíveis.