Vacinar é a única forma de combater a incidência e a gravidade da meningite
De acordo com Maria João Brito, infeciologista Pediátrica do Hospital Dona Estefânia, vacinar é o melhor remédio contra a meningite. Atualmente, é nos países em vias de desenvolvimento e sem cobertura vacinal suficiente que mais se morre com a doença e onde as suas sequelas são mais graves.
Desde que foram introduzidas no mercado a vacina pneumocócica conjugada heptavalente, a vacina para a meningo B e a vacina contra meningite por haemophilus influenzae tipo B, estas têm contribuído para uma redução não só da incidência de casos de doença, mas das taxas de mortalidade associadas em países com maior cobertura vacinal.
Deste modo, a especialista sublinha que quanto mais vacinarmos, menos casos de doença grave teremos no futuro.
Mas afinal o que é a meningite e por que motivo ainda é tão temida?
Para a especialista muitos pais não sabem o que é a meningite. Assim, “para desconstruirmos o que é esta entidade clínica podemos referir que há dois tipos de meningite mais prevalentes na idade pediátrica, nomeadamente a meningite viral e a meningite bacteriana”.
Segundo Maria João Brito, as meningites bacterianas são aquelas que estão associadas a sequelas a longo prazo, apresentando uma gravidade variável. “Já a meningite pneumocócica é a meningite que habitualmente tem mais complicações e essas complicações são muito importantes, são à volta de 30% - podem cursar com défice de audição, surdez, com epilepsia, com atrasos de desenvolvimento, pode existir também o insucesso escolar”, esclarece.
“Depois temos as meningites por haemophilus influenzae, com casos quase inexistentes na Europa, e outros hemofilos, não diretamente relacionados com a vacinação, mas que dão sequelas importantes”, acrescenta demonstrando, deste modo, que não só que existem vários agentes que provocam a doença como os fatores de risco associados também são variados.
“Ao falarmos de grupos de risco é importante considerar que variam mediante os tipos de meningite, ou seja, com a meningite pneumocócica, no grupo de alto risco, com pneumococo, temos as crianças com infeção VIH, crianças sem baço, crianças com anemias hemolíticas. Nas crianças para meningite por meningococo, há défices de imunidade que são os difíceis do complemento”, adianta sublinhando, no entanto, que “qualquer criança, mesmo sem estes fatores de risco tem, como qualquer pessoa em geral, um risco de poder ter a doença”.
Segundo a especialista, a meningite pneumocócica é provocada por uma bactéria que vive na nossa nasofaringe e que, em determinadas alturas da vida, “ou porque há uma infeção viral ou porque as pessoas estão com as defesas mais em baixo, invade o organismo”. Ou seja, esta bactéria não é transmissível de pessoa para pessoa.
“O mesmo não acontece com o meningococo, em que há transmissão. Os adolescentes habitualmente são os grandes disseminadores da doença, têm o meningococo na sua nasofaringe e disseminam para o grupo deles, para as crianças mais pequenas e para os idosos”, explica a médica infeciologista.
O período de incubação varia igualmente. “A meningite pneumocócica não tem nenhum período de incubação porque não se transmite. São os nossos pneumococos que vivem na nossa nasofaringe que se disseminam e causam a meningite. O período de incubação para a meningite meningocócica, é de três a cinco dias”, esclarece adiantando que no caos da meningite meningocócica o tratamento passa pela administração de antibióticos.
Entre os sinais a que devemos estar atentos, a médica do Hospital Dona Estefânia refere que os principais sintomas em idade pediátrica são a febre, as dores de cabeça e os vómitos. Já nas crianças com menos de um ano, para além da febre e vómitos, “podemos ainda considerar irritabilidade intensa”.