Urticária é o sintoma mais frequente da Alergia à Proteína do Leite de Vaca
Segundo a especialista em pediatria, Sílvia Jacob, nos últimos anos tem-se assistido a um aumento das doenças alérgicas alimentares e as explicações são várias: a melhoria das condições de higiene levou a uma exposição diminuída a agentes infeciosos ou microbianos, causando uma reação hipersensitiva do sistema imunitário contra substâncias normalmente inofensivas. Por outro lado, vários estudos indicam que os baixos níveis de vitamina D podem estar associados ao desenvolvimento de doença alérgica. Por último, vários estudos preconizam que a introdução alimentar precoce tem um efeito protetor no desenvolvimento de tais patologias.
Em matéria de sintomas, a especialista explica que há vários. “Temos que ter em mente que a alergia alimentar se divide em 3 grandes grupos e os sintomas variam dependendo do tipo de resposta imunológica envolvida, esta pode ser IgE mediada, não-IgE mediada (mediação celular) ou mista. No grupo das alergias IgE mediadas, como o próprio nome indica há a produção de anticorpos IgE contra o alimento específico o que vai fazer com que os sintomas surjam minutos até no máximo duas horas após a sua exposição. Aqui podemos ter o aparecimento de urticaria (o mais frequente), sintomas respiratórios (p.ex. tosse, dificuldade respiratória), sintomas gastrointestinais (p.ex vómitos e diarreia) ou mesmo o desenvolvimento de anafilaxia”, revela.
No grupo das alergias não-IgE mediadas os sintomas são um pouco mais tardios “Aqui não temos a produção de anticorpos, mas sim uma resposta celular, que se pode traduzir na ocorrência de vómitos 1-4 horas após a exposição ao leite, ou no desenvolvimento de dejeções raiadas em sangue dias ou semanas após a exposição à proteína do leite de vaca. No grupo misto temos uma resposta imunológica celular com alguns sintomas que poderão ser justificados pela presença de anticorpos IgE. Dentro deste grupo podemos incluir alguns casos de dermatite atópica e também a esofagite eosinofílica”, continua.
Entre as principais complicações está a anafilaxia. Por este motivo, esta é uma condição que traz um grande impacto social, económico e psicológico para a criança e respetiva família. “Estas família evitam eventos sociais/festas onde não consigam controlar os alimentos que estão expostos, têm uma sobrecarga económica não só pelo facto dos leites e restantes alimentos adequados para estas crianças serem mais caros como também pelo próprio absentismo laboral que por vezes ocorre se o infantário/escola não conseguirem assegurar as condições de segurança necessárias. Tudo isto tem um impacto psicológico importante tanto na criança que convive menos e ingressa mais tarde no infantário ou escola, como nos pais que têm níveis de ansiedade superiores”, explica.
Embora esta alergia possa resolver-se espontaneamente até aos 5 anos de idade, o tratamento é a dieta de evicção. “Desde 2011 que esta regulamentado (Regulamento nº 1169/2011) a obrigatoriedade de no rótulo do alimento conter informações sobre a presença ou não dos principais alergénios alimentares. No caso do leite, poderá existir referência à sua presença através de outros nomes como “soro de leite” ou “caseína”. Infelizmente os problemas costumam surgir quando pessoas menos informadas, oferecem à criança alimentos processados que apresentam leite na sua composição (p.ex algumas marcas de fiambre, salsichas, ou mesmo alguns tipos de pão)”, refere a especialista.