Urgências em Oftalmologia
A lesão traumática, as queimaduras, o descolamento de retina e a oclusão da artéria central da retina estão entre as urgências mais comuns.
A avaliação inicial deve incluir a acuidade visual, exceto no caso das queimaduras. A aplicação de anestésicos tópicos pode ser necessária se esta avaliação for difícil por motivos de dor ocular. O exame físico do olho inclui as pálpebras, os globos oculares, a motilidade extraocular e o reflexo pupilar.
Lesões traumáticas
A rutura do globo envolve compromisso à integridade da córnea e esclera. Se não for tratada adequadamente, o paciente pode desenvolver endoftalmite, uma infeção intraocular que pode levar à cegueira.
Indicadores de rutura do globo incluem:
- dor moderada a severa
- diminuição da visão
- desvio da pupila
- hemorragia subconjuntival severa.
No caso de se suspeitar de rutura do globo, deverá ser logo colocada uma proteção ocular rígida e evitar qualquer pressão no olho. De forma a diminuir a pressão no globo, deve-se administrar analgésicos e antieméticos de forma regular. Poderá ser necessário realizar uma tomografia computorizada (TAC) para avaliar a extensão da lesão. O tratamento inclui a administração de antibióticos e cirurgia.
Queimaduras químicas
Uma queimadura química é uma verdadeira emergência. A gravidade da lesão ocular depende do pH da substância e da natureza do químico. As queimaduras por alcalinos são mais frequentes e mais graves do que as com ácido.
As queixas dos pacientes incluem dor moderada a forte, fotofobia, visão turva e sensação de corpo estranho, assim como blefarospasmos e olho vermelho.
Na presença de uma queimadura química, deverá iniciar-se logo a aplicação de anestésicos tópicos, não só para o alívio da dor, mas também para irrigar o olho. Aliás, assim que se suspeitar de queimadura química, deve ser iniciada imediatamente, e mantida, irrigação com soro fisiológico, com o objetivo de neutralizar o pH.
Antibióticos devem ser iniciados após a estabilização do pH. Um ácido nunca deve ser utilizado para neutralizar uma base, nem vice-versa!
Oclusão da Artéria Central da Retina (OACR)
A artéria central da retina é um ramo da artéria oftálmica que transporta o sangue para a retina. A OACR, provocada por um trombo que oclui um dos vasos sanguíneos, leva rapidamente a isquemia, por falta de irrigação, o que pode levar a perda significativa de visão.
Os pacientes com OACR referem perda súbita e indolor da visão de um dos olhos. O paciente poderá referir uma perda de visão transitória, sem dor associada, de um dos olhos. Poderá apresentar a pupila dilatada e com fraca reação à luz.
Uma intervenção rápida é fundamental de forma a diminuir as perdas provocadas por OACR.
Descolamento de Retina
O descolamento de retina é a separação da camada neurossensorial da retina da coróide e do epitélio pigmentar da retina. Apesar de ser uma situação pouco frequente, o descolamento de retina rapidamente provoca uma degeneração de fotorreceptores que provocam isquemia, levando à morte das células.
O diagnóstico precoce e o tratamento podem prevenir a perda de visão. A queixa mais comum é a sensação de ver luzes ou flashes, a visão pode ficar turva ou enevoada, com a presença de moscas volantes.
Os fatores de risco para o descolamento de retina incluem a retinopatia diabética, cirurgia a catarata, miopia, idade avançada e história familiar.
Numa fase inicial, poderá ser possível fazer tratamento com laser, contudo, em muitos casos apenas com cirurgia se consegue resolver o descolamento de retina.
Em conclusão, o reconhecimento imediato e o adequado tratamento de urgências em oftalmologia são essenciais para se conseguir os melhores resultados. Apesar da situação de pandemia em que vivemos, perante uma situação de urgência oftálmica, a rapidez de atuação é fulcral. Procure sempre ajuda especializada, sem hesitar!