Unir os stakeholders em torno dos desafios da Saúde
A GS1 Portugal – Codipor, enquanto plataforma neutra e facilitadora desta articulação, tem procurado ser um ponto de convergência no setor. De uma forma geral, os principais operadores nos setores da saúde e do medicamento assumem conjuntamente a responsabilidade pela implementação de standards que garantam a segurança na cadeia de valor e, consequentemente, a segurança do paciente, a participação na discussão sobre os desafios legislativos e a adaptação às exigências que decorrem da evolução tecnológica.
Esta co-responsabilidade resulta da noção de que o atual sistema só é seguro até ao dia em que deixar de o ser - é preciso antecipar riscos e procurar continuamente soluções que os minimizem. Quando os dados internacionais da GS1 destacam que 15% do total do mercado do medicamento corresponde a medicamentos falsificados e que cerca de 60% dos medicamentos comprados online são contrafeitos ou não conformes, exige-se proatividade para responder com eficácia aos desafios colocados pela produção e distribuição paralelas, assentes em processos cada vez mais sofisticados.
As respostas necessárias passam pela discussão dos desafios legislativos, pela adaptação às novas exigências e à evolução tecnológica. A 5ª edição do Seminário da Saúde, organizado pela GS1 Portugal, é exemplo de uma discussão desse tipo e o resultado de uma relação de parceria e confiança que tem vindo a ser estabelecida com os interlocutores que operam no setor da saúde.
Do ponto de vista da indústria farmacêutica, os desafios passam pela otimização de processos, pela necessidade de resposta a novos mecanismos burocráticos de validação e pela necessidade de introdução de alterações nos equipamentos, locais de produção e processos produtivos. Já para os operadores logísticos, a implementação da Diretiva está associada a constrangimentos operacionais e a custos acrescidos, a que se soma uma realidade de modelos de interface e de negócio distintos. Ainda no que diz respeito aos operadores logísticos, importa considerar também o impacto do desconhecimento relativamente às entidades a serem abrangidas e à maturidade variável dos clientes.
No que aos Hospitais se refere, a adaptação aos novos enquadramentos tem sido pautada pela indefinição quanto ao papel a atribuir a estes interlocutores fulcrais. Em termos de impacto, são notórios os constrangimentos que decorrem do reduzido período de transição, entre a publicação e a efetiva entrada em vigor dos diplomas, das exigências adicionais impostas às equipas, de um processo logístico mais complexo e demorado e de possíveis limitações inerentes à ligação às bases de dados.
Face ao desconhecimento, às incógnitas que caracterizam ainda a aplicação das Diretivas e à sua complexidade, surgem preocupações em torno dos custos para as empresas, para o setor público e, em última análise, para cada cidadão, numa discussão crítica ainda por promover sobre o equilíbrio entre os custos e os benefícios inerentes a este projeto.
Embora os operadores no setor da saúde estejam, de uma forma geral, conscientes da necessidade de registar os seus dispositivos, discutem-se ainda os detalhes da operacionalização - como fazer. Torna-se, assim, necessário que os stakeholders estejam atentos e acompanhem de forma próxima esta temática e façam representar as suas posições preferencialmente de modo concertado, setorial ou integrado. A exigência é de uma maior atenção ao investimento estratégico. É imperativo revelar capacidade para olhar mais longe e com um ângulo de visão mais amplo enquanto, operacionalmente, se garante a flexibilidade e constante adaptação à realidade do setor e às necessidades dos cidadãos.
João de Castro Guimarães - Diretor Executivo da GS1 Portugal