Tromboembolismo Venoso e doença oncológica
Frequentemente assintomático, o tromboembolismo venoso, caracterizado pela trombose venosa profunda e a sua maior complicação, a embolia pulmonar, é ainda uma entidade clínica “negligenciada”. É que, embora seja fatal, pouco são os que lhe reconhecem os sinais ou compreendem os seus riscos.
Segundo o Grupo de Estudos de Cancro e Trombose, o tromboembolismo venoso resulta da formação de coágulos de sangue nas veias, levando ao seu entupimento e impedindo que o sangue circule normalmente. Se estes coágulos chegarem ao coração, pulmão ou cérebro, o desfecho pode ser fatal. Entre os principais grupos de risco ao desenvolvimento de TEV encontram-se os doentes oncológicos.
De acordo com Sérgio Barroso, médico oncologista e presidente do GESCAT, “a doença oncológica constitui um fator de risco independente e relevante para o tromboembolismo venoso, fundamentalmente porque altera o normal equilíbrio do sistema de coagulação do organismo, desviando-o no sentido «pró-coagulante» ”.
Hoje em dia, o diagnóstico de trombose venosa profunda e/ou embolia pulmonar - as entidades clínicas que caracterizam o tromboembolismo venoso -, é realizado em cerca de 20% de todos os doentes com cancro, o que faz desta uma entidade cada vez mais prevalente a ponto de se estimar que “cerca de 1/5 de todos os doentes oncológicos sofram de TEV durante a evolução da sua doença”.
Por outro lado, sabe-se que o risco de recorrência destes eventos nos doentes com cancro é bastante elevado, além de incorrerem ainda em importantes complicações hemorrágicas.
É importante referir que os doentes oncológicos têm, frequentemente, uma variedade de fatores de risco para sofrerem um evento tromboembólico, sendo que estes podem estar relacionados com o próprio doente (a idade, trombofilia ou obesidade); com o tumor (estadio, histologia, local primário ou existência de metástases) e/ou com o tratamento.
As heparinas de baixo peso molecular (HBPM) são consideradas o tratamento de primeira linha para esta população de doentes, devendo ser administradas em monoterapia entre três a seis meses.
A que sinais devemos estar atentos?
Trombose venosa profunda pode ocorrer der uma forma assintomática e manifestar-se unicamente quando o doente sofre um episódio fatal.
Contudo, tal como esclarece o cirurgião vascular, Pereira Albino, “normalmente tudo começa com uma trombose venosa profunda, ou seja, uma perna que subitamente aparece inchada com dor e com dificuldade de marcha”.
A dor pode existir apenas de pé ou ao caminhar, a perna pode endurecer e apresentar uma temperatura fora do normal (estar mais quente). Podem ainda ocorrer mudanças de cor da pele na perna afetada.