«Ser Médico de Família é quase disruptivo»
Numa altura em que todos os dias se celebra um dia mundial de qualquer coisa, em que tudo é digital e “instragramável”, em que a Inteligência Artificial ameaça substituir a criatividade e individualidade humana e as relações interpessoais são cada vez mais estéreis, ser Médico de Família é quase disruptivo.
Um Médico(a) de Família, ou melhor, um médico especialista em Medicina Geral e Familiar, deve ser não só um pilar de qualquer Sistema de Saúde como também representar um pivot na gestão da saúde das famílias.
É o único profissional de saúde, em estreita colaboração com a figura do Enfermeiro de Família, que segue o indivíduo em todas as fases da sua vida, desde as primeiras semanas ao seu natural declínio.
Na realidade, não há exercício clínico mais reconfortante do que fazer parte da vida dos nossos doentes em gestos que vão dum simples atestado ou renovação de receituário até ao diagnóstico, comunicação e tratamento de patologias devastadoras. Tanto se pode ser uma influência disciplinadora como um porto de abrigo, imparcial, sem paternalismos, sem julgamentos, mas capaz de absorver as angústias de quem a nós recorre.
Considero, assim, que disruptivo ou não, o papel do Médico de Família sai reforçado nos tempos que vivemos, abordando o ser humano de forma holística como todos merecemos.