Sem água, nada somos!
Inquéritos do “Nationwide Food Consumption Surveys” indicam que uma parte da população pode estar ligeiramente desidratada cronicamente. Vários fatores podem aumentar a probabilidade de desidratação crónica e ligeira, incluindo um mecanismo de sede pobre, a insatisfação com a ausência de sabor da água, o consumo comum dos diuréticos naturais: cafeína e álcool, a participação mais intensa no exercício e as condições ambientais. A desidratação de apenas 2% de perda de peso corporal resulta em respostas fisiológicas e de desempenho deficientes. Estudos recentes indicam que o consumo de fluidos em geral e o consumo de água em particular podem ter um efeito sobre o risco de cálculos das vias urinárias; cancros da mama, cólon e trato urinário; obesidade infantil e no adolescente; prolapso da válvula mitral; alteração da função da glândula salivar; e na saúde geral nos idosos.
De acordo com o Novo Guia Alimentar Português, a água encontra-se no centro da roda dos alimentos, porque para além de fazer parte da constituição de quase todos os alimentos, é indispensável à vida. No entanto, as suas recomendações diárias podem variar de 1,5 a 3 litros por dia, dependo das necessidades individuais. Um adulto saudável deve beber entre 8 a 10 copos de água por dia. Os idosos devem ser diariamente estimulados a beber água por serem mais vulneráveis à desidratação, uma vez que a sua sensação de sede está fisiologicamente diminuída.
O cérebro é constituído por aproximadamente 80% de água que o amortece e lubrifica, mas também contribui para o ótimo funcionamento cognitivo e bom estado de humor, maximiza a atenção, concentração e capacidade de memória a curto prazo.
A desidratação promove dor de cabeça, cansaço, irritabilidade, dificulta a memória a curto-prazo, a atenção, a capacidade de realizar operações aritméticas, reduzindo ainda a capacidade de alerta e os níveis de concentração.
Em Portugal, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) continua a ser a principal causa de morte da população, números que a pandemia da COVID-19 tem vindo a agravar. Vários estudos têm demonstrado que o estado de hidratação das vítimas de AVC é um preditor independente na sua recuperação precoce.
Neste dia que assinalamos, é nosso dever proteger a água, pois sem água, nada somos.
Autores:
Sandra Alves
Médica e nutricionista, Membro da Sociedade Portuguesa do AVC, Assistente Convidada do Curso de Ciências da Nutrição da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD)
Renata Ribeiro
Aluna do Curso de Ciências da Nutrição da UTAD