Relações

Se tem de forçar é porque não é o seu número!

Atualizado: 
26/05/2022 - 11:00
A teoria que assenta perfeitamente no par de sapatos que adorávamos, nos jeans que tanto precisávamos, naquela camisola que tinha a cor perfeita ou nas relações da nossa vida! Desde a Antiguidade Clássica que os Pensadores tentam definir o amor e tantas foram as fórmulas que resultaram dessas teorias. Um dos temas em que a célebre expressão "só sei que nada sei" tão bem encaixa!

Apesar disso, "relações" continua a ser um tema sobre o qual todos consideramos ter muita experiência e alegado conhecimento. Veja, somos os melhores a dar conselhos aos amigos e somos, de facto, quem eles procuram para esses conselhos! Diploma por experiência, talvez!

A verdade é que conhecemos o mesmo manual de instruções. Aquele, padronizado, que assume o início de uma relação amorosa com um "para sempre", numa quase "vida eterna" que ceifa caminho até ao "que a morte nos separe" e que, muitas vezes, bem antes da troca das alianças, já tudo, com exceção da morte, nos separou! Menos, claro, a motivação para o ritual "socialmente aceite" que alimenta a nossa tomada de decisão, firme, para o "prometo ser-te fiel"!

Alguém importante na minha vida me contava, um dia, que é uma sorte encontrar o amor verdadeiro e que a maioria das pessoas vive, uma vida inteira, sem saber o que é o amor. Aquele que nos dá vida como se de ar falássemos, que faz de nós melhores pessoas e melhores seres humanos porque, afinal, tudo o que precisávamos para ser feliz estava ali ... tantas vezes no sofá a ver a bola!

A verdade é que, por mais que adoremos os sapatos, se não entram no pé, de nada nos servem; queremos muito os jeans, mas se o botão não aperta, não vamos comprar e a camisola, é a cor perfeita, mas não é o tamanho! Resolvido!

Se somos tão bem resolvidos nas coisas práticas das nossas vidas, como não fazemos o mesmo com relações que, tão bem, sabemos terem deixado de servir há tempo a mais?

Tornamos perenes momentos fugazes que nos alimentam a alma e que fazemos perdurar durante todos os outros dias em que a solidão ganharia espaço. Assumimos, genuinamente, ser uma estratégia adaptativa no momento, mas é do tipo "rolha" que quando salta, ui horrores!

Paciência e persistência não devem durar para sempre quando delas depende o equilíbrio de uma relação. Forçar é reconhecer o seu desequilíbrio e ignorá-lo!

 

 

Autor: 
Joana Pinheiro - Psicóloga no Hospital da Cruz Vermelha
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
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