Saiba reconhecer as reações cutâneas adversas a medicamentos
Uma vez que pode simular muitas outras doenças de pele, é importante estarmos atentos aos sinais, e sempre que possível, suspender de imediato a utilização do medicamento.
De acordo com a Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia (SPDV), as reações cutâneas adversas a medicamentos podem surgir ao fim de poucos minutos após a toma do medicamento ou em alguns dias ou semanas após a sua utilização. No entanto, adverte que, em alguns casos, ela pode ainda surgir “até muito mais tarde”, o que complica o seu diagnóstico.
Embora os antibióticos, como as penicilinas ou sulfamidas, os anti-inflamatórios ou os anticonvulsivos sejam os medicamentos com maior risco de causas alergias, a verdade é que qualquer medicamento pode estar na origem de reações cutâneas adversas. Por isso esteja atento!
O exantema, o eritema e a fotossensibilidade estão entre as reações alérgicas cutâneas de início tardio. Mas há outras que deve saber identificar:
Exantemas medicamentosos ou maculopapulares
Surgem entre o 7º e 14º dia de tratamento ou, no caso de o doente já ser alérgico, no dia seguinte à utilização do medicamento.
De acordo com a SPDV, estes exantemas evoluem como os virais, podendo ser acompanhados por febre e prurido. Caracterizam-se pela presença de manchas vermelhas, algumas com relevo, distribuídas simetricamente no tronco e membros, evoluindo de cima para baixo. Ou seja, da cabeça para as extremidades. “A evolução é geralmente favorável em 1-2 semanas, mas nalguns casos a pele pode não ser o único órgão atingido”, descreve a SPDV. Estes casos, mais raros são conhecidos por Síndrome de Hipersensibilidade a Fármacos. De envolvimento multiorgânico, cursa com febre alta, “gânglios” aumentados, hepatite tóxica, por vezes fulminante, anemia e baixa dos glóbulos brancos, ou insuficiência renal. “Mais raramente a alergia medicamentosa simula uma virose simples, mas ao fim de horas ou poucos dias associa febre alta, conjuntivite ou feridas no nariz, boca, lábios e na área dos genitais, a pele vermelha torna-se dolorosa e surgem bolhas de líquido que podem ocupar grande área do corpo, como uma queimadura muito extensa, o que traduz um quadro muito grave de alergia medicamentosa que pode ser fatal, a Síndrome de Stevens-Johnson ou síndrome de Lyell/Necrose epidérmica tóxica”, explica a SPDV.
Urticária
Consiste no aparecimento de pápulas vermelhas, grandes, assimétricas e de contornos irregulares, que causam comichão. Surgem nas primeiras horas e, habitualmente, regridem em menos de 24 horas.
Angioedema
Surge em minutos a horas após a toma do fármaco. As lesões causadas são mais profundas originando edema (inchaços) da face, extremidades e genitais. Estas duram mais tempo e causam dor. “Raramente, podem acompanhar-se de edema da glote (falta de ar) e colapso cardiovascular”, revela a SPDV.
Eritema Pigmentado Fixo
Muito frequente e de fácil diagnóstico, caracteriza-se pelo aparecimento de é uma ou várias manchas vermelhas arredondadas que regridem em poucos dias, “deixando pigmentação castanha acinzentada, mas que se reativa no mesmo local, se se tomar de novo o fármaco”. Habitualmente, os anti-inflamatórios são os responsáveis por esta reação adversa.
Fotossensibilidade
Resulta da exposição à luz solar. As reações de fotossensibilidade causadas pela utilização de fármacos podem ser de dois tipos: fototóxicas (fotoxicidade) ou fotoalérgicas (fotoalergia).
A fototoxicidade pode ser provocada utilização de fármacos orais, injetáveis ou tópicos e resulta numa queimadura solar exagerada, podendo aparecer dentro de alguns minutos ou várias horas após a exposição à radiação solar ou artificial.
A fotoalergia ocorre quando uma substância química induzida pelos raios UV altera as moléculas da pele, transformando-as em novas substâncias que o próprio organismo tenderá a combater através da produção de anticorpos. Manifesta-se em forma de eczema ou dermatite.