As redes sociais e a opressão da imagem idealizada
Essa pressão social pode levar a perturbações de autoimagem, como a dismorfia corporal – uma perturbação psicológica que tem como base uma preocupação excessiva com o corpo, ou falhas percebidas na aparência física que não são observáveis ou parecem ligeiros aos outros. Esta preocupação causa mal-estar clinicamente significativo, gerando ansiedade, tensão desamparo e hipersensibilidade à crítica, sentimentos de culpa, autodepreciação e desvalorização pessoal. Este tipo de pessoas usualmente, julgam a autoestima com base na forma corporal, sobrevalorizando pequenas imperfeições ou imaginando-as de forma negativa. E isso tem um impacto significativo na autoestima, assim como pode afetar o individuo em termos pessoais e profissionais.
No Dia Internacional sem Dieta, é realmente muito importante que as pessoas entendam que a imagem corporal idealizada pela média é irrealista e, sejamos francos, inalcançável para a maioria das pessoas. A pressão para se adequar a essa imagem idealizada pode levar a dietas extremas e perigosas – as dietas ioiô-, como a restrição calórica excessiva e o uso de laxantes ou diuréticos, que podem ter efeitos colaterais graves para a saúde física e mental.
Não adianta fugir da questão, a eterna busca do corpo e imagem perfeitos, pode resultar em disfunções alimentares extremas e difíceis de tratar, a exemplo, ocorre-me neste momento a anorexia e bulimia nervosa. São perturbações suficientemente graves que não raras vezes levam a consequências perturbadoras para a saúde física e mental e, no limite, a internamentos compulsivos para salvar a vítima desta síndrome da autodestruição.
Vivemos numa sociedade de equívocos, a busca da imagem idealizada – a selfie perfeita, imposta pelos média, redes sociais e também pelo mundo da moda, levam a uma busca pelas famosas “dietas da moda”. São regimes alimentares quase sempre irrealista e que prometem resultados rápidos na perda de peso, mas geralmente carecem de evidências científicas sólidas, ou são apenas mitos sem evidências que as sustentam. Essas dietas muitas vezes envolvem a eliminação radical de grupos alimentares ou nutrientes essenciais, o que pode levar a deficiências nutricionais e a outros problemas de saúde levando a picos de ansiedade extrema e a sentimentos de culpa autodirigida com grande impacto na autoimagem. Muitas vezes, essas dietas podem desencadear comportamentos alimentares desordenados, como compulsão alimentar e restrição alimentar excessiva, resultando em perturbações alimentares graves, como anorexia e bulimia nervosa.
Atente-se, por exemplo, na famigerada anorexia nervosa, esta síndrome é caracterizado por uma restrição severa na ingestão de alimentos, prática excessiva de exercícios físicos, e imagem corporal distorcida. Geralmente, esta perturbação alimentar acarreta muito sofrimento para a vítima e para os seus familiares, que se sentem impotentes para ajudar. Esta problemática inclui perda significativa de peso e risco para a saúde física e mental. Esta é uma perturbação muito grave que requer tratamento multidisciplinar para a recuperação do peso saudável, melhoria da imagem corporal e uma psicoeducação para a adoção de hábitos alimentares saudáveis.
Outra perturbação alimentar inóspita e que resulta da idealização social, é a bulimia nervosa. Neste caso é caracterizada por episódios de compulsão alimentar seguidos de comportamentos compensatórios inapropriados – como a ingestão episódica e massiva de alguns alimentos. Naturalmente, o comer excessivamente, vai-se traduzir em sentimentos de culpa na autoimagem e o medo intenso de ganhar peso levando ao aparecimento do ciclo compulsão e purgação, e podem manifestar-se com sintomatologia depressivas e/ou ansiogénicas, perturbação de sono e comportamentos obsessivos versus compulsivos – personalidades do tipo Cluster B, são os sentimentos mais comuns a estes indivíduos. Como resultado as consequências físicas e mentais são desastrosas, requerendo tratamento multidisciplinar para a interrupção do ciclo de compulsão e purgação, mas sobretudo torna-se necessário uma psicoeducação na melhoria da imagem corporal e adoção de hábitos alimentares saudáveis.
Se pensarmos que “cada caso é um caso”, uma dieta alimentar saudável deve ser essencialmente funcional e adaptada a cada indivíduo. Mas sobretudo adaptada às necessidades individuais do corpo de cada um. Naturalmente, considerando as especificidades biológicas, fisiológicas e sociais de cada pessoa.
As chamadas "dietas da moda" que impõem regras específicas e rígidas, com alimentos proibidos ou permitidos em tempos determinados, ignoram as necessidades individuais do organismo e tratam o corpo como um padrão universal. Essa abordagem generalizada pode levar a complicações nutricionais e problemas de saúde, uma vez que as necessidades nutricionais variam entre os indivíduos.
Recordo que a alimentação deve ser vista como uma abordagem holística, levando em consideração não apenas a nutrição, mas também o bem-estar mental e social do indivíduo por forma que a sua autoimagem, seja fortalecida dentro de um padrão saudável e equilibrado.
Para ajudar as pessoas a lidar com a pressão social em relação à imagem corporal, é importante que elas desenvolvam uma autoimagem positiva e aprendam a aceitar seus corpos como eles são. O principal objetivo de uma dieta equilibrada é a de devolver a estabilidade, mas fazê-lo de forma realista. Mas a pressão social e as dietas da moda fazem com que se passe de um desequilíbrio para outro. Por outras palavras, tenho para mim que uma dieta que resulta é sempre aquela que traduz um final feliz, em termos emocionais e físicos. Os profissionais de saúde, como nutricionistas, psicólogos e coaches de imagem, podem desempenhar um papel importante na promoção de uma autoimagem positiva e na prevenção de transtornos alimentares.
Pessoalmente, recomendo uma abordagem multidisciplinar como ao uso de orientação nutricional, hipnose clínica e o coaching simultaneamente, podem ser ferramentas valiosas na promoção de uma autoimagem positiva e na prevenção de transtornos alimentares. A hipnose clínica, por exemplo, é uma abordagem natural, inócua e não invasiva que pode ajudar as pessoas a superar as distorções cognitivas, obstáculos mentais e bloqueios emocionais que possam estar afetando a sua relação com a comida e com a imagem do seu corpo. São abordagens que ajudam a entender que um corpo saudável é mais importante do que um corpo magro.
Comemora-se o “Dia Internacional da Dieta”, e façamos um alerta, é preciso reconhecer o impacto que a representação idealizada da beleza tem nas pessoas e trabalhar para promover uma imagem corporal saudável e realista. Os média, as empresas de moda e beleza podem trabalhar para promover a diversidade de tamanhos e formas corporais em anúncios e campanhas na promoção dos seus produtos.
Em resumo, a autoimagem e a aceitação do corpo são questões fundamentais para a saúde mental e física das pessoas. É importante ensinarem as pessoas que aprendam a valorizar os seus pontos fortes, as suas realizações pessoais, em vez de apenas a sua aparência física. Isso pode ser mais facilmente alcançado através de práticas terapêuticas, como a hipnose clínica, que pode ajudar a reprogramar as crenças e padrões de pensamento negativos em relação à imagem corporal, já que a hipnose trata a raiz do problema. A hipnose apresenta soluções novas para problemas antigos sendo uma abordagem natural, inócua e não-invasiva faz uso dos recursos internos da e desbloqueia o que porventura possa estar a afetar emocionalmente o paciente. No caso dos transtornos alimentares, como anorexia nervosa e bulimia nervosa, são doenças graves, mas que podem ser prevenidas com a ajuda de especialistas e profissionais de saúde e uma mudança na cultura e na média que promove uma imagem corporal saudável e realista.
Dra. Cátia Costa Lopes – Licenciada em Psicologia
Dr. Alberto Lopes - Neuropsicólogo/Hipnoterapeuta
Clínica Dr. Alberto Lopes - Psicologia & Hipnose Clínica