Doença autoimune

Psoríase: Muito mais do que pele, é conhecer e aceitar esta parte de si

Atualizado: 
20/08/2020 - 11:30
A Psoríase é uma doença que afeta cerca de 250.000 portugueses, dos quais um terço se encontra subdiagnosticado e, um terço, subtratado. A doença surge associada a um conjunto de novidades que aparecem no corpo. Nem todos sabem que a têm, nem todos a valorizam, nem todos procuram pelo diagnóstico. No entanto, é ao diagnosticar e a aceitar a doença que poderá avançar e seguir com a sua vida de forma feliz, sem fazer disso um “bicho de sete cabeças”.

“A Psoríase é uma doença imunomediada, predominantemente autoimune, crónica. Há uma inflamação generalizada em todo o organismo que se repercute mais na pele, nas articulações e na componente cardiometabólica”, palavras de Paulo Ferreira, dermatologista, que responde a todas as perguntas reais de doentes na série “Tens Direito a Ser Feliz: PSOCast”, uma iniciativa da PSOPortugal – Associação Portuguesa da Psoríase.

A doença evolui a uma velocidade que varia em função da suscetibilidade individual em se ter a doença, tal como, no maior controlo/descontrolo da resposta inflamatória dada pelo organismo. Tendo em conta as áreas da pele que podem ser atingidas, a doença pode caracterizar-se como ligeira, moderada ou grave.

Em altura de pandemia, os doentes com Psoríase, ao terem uma doença autoimune, devem ter mais cuidado com o distanciamento social. O fundamental em altura de covid-19 é “manter a doença controlada e tratada”, diz o médico.

Muito Mais do que Pele

Um doente pode ter manifestações da doença em várias partes do corpo e simultaneamente, pois a doença afeta sobretudo o “couro cabeludo, cotovelos, joelhos e o fundo das costas” como refere o dermatologista Paulo Ferreira. No entanto, pode-se manifestar nas mãos, genitais, nas unhas, nos olhos/pálpebras, nas articulações… Por vezes, o doente começa por sofrer de artrite, descobrindo-se posteriormente, que se trata de artrite psoriática. Isto, porque a Psoríase está associada a várias comorbilidades, como artrite e problemas reumáticos, depressão...

A Psoríase afeta e inicia-se em muitas pessoas na idade jovem, sendo por vezes desencadeada por fatores como o stress de exames escolares ou entrada na vida profissional, diabetes, obesidade, excessos alimentares, fumar, entre outros. As lesões aparecem normalmente na forma de placas, nas zonas corporais de maior atrito, provocando uma reação instintiva de coçar, o que por si só, piora as lesões e pode inclusivamente levar ao aparecimento de novas. Esse prurido, por sua vez, traz mais desconforto, dificuldade em dormir, mais angústia e má qualidade de vida.

Na gravidez, 70% das doentes melhoram, pois “há hormonas produzidas pela placenta que têm uma ação de controlo da inflamação”, afirma Paulo Ferreira.

Conhecer e aceitar esta parte de si

“Como doença autoimune que é, a Psoríase não tem cura, mas dispomos de muitas terapêuticas que permitem manter o doente fora de lesões, e prevenindo, espera-se, as próprias comorbilidades”, sugere o especialista.

Antes de conhecer e aceitar a doença, é preciso diagnosticar. Quando se começa a ter evidências de placas de psoríase, o diagnóstico é clínico, e pode ser feito pelo médico de medicina geral e familiar, sendo a “referenciação e o diagnóstico do doente fundamentais”, segundo o médico. A maioria das formas ligeiras a moderadas da psoríase podem ser tratadas pelo médico familiar com terapêuticas tópicas. Se forem mais graves, convém o doente ser dirigido a um dermatologista.

Relativamente à aceitação, muitos doentes “ou andam escondidos, ou têm vergonha…alguns nem se sentem confortáveis em ir à praia” diz Paulo Ferreira. Um problema, acrescenta o médico, pelo estigma associado à doença e, ainda, porque a praia e o sol aparentam estar associados a melhoria dos sintomas da doença, “ajudando a prevenir os eventos cardiometabólicos desencadeantes da psoríase”. É por isso que a doença deve ser desmistificada e tem de deixar de haver o estigma e a falta de conhecimento que ainda há, pois, “a psoríase não é contagiosa, contagioso é o preconceito”. É precisamente para ultrapassar este estigma que a PSOPortugal decidiu lançar esta série, “uma iniciativa que todos os psoriáticos merecem, pois como diz o nome, todos temos o direito a ser felizes”, acrescenta Jaime Melancia, Presidente da PSOPortugal.

Assista aos episódios da série “Tens Direito a Ser Feliz: PSOCast”, da PSOPortugal aqui: 

Episódio 1: https://www.youtube.com/watch?v=R6IwSvf9QqI&t=40s

Episódio 2: https://www.youtube.com/watch?v=z6cN5dptqsc

Autor: 
PSOPortugal
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
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