Opinião

Próteses mamárias boas, más e seguras

Atualizado: 
16/03/2021 - 11:44
A história de aumento de mama tem mais de um século. Diversos materiais foram usados para o efeito, uns mais seguros que outros. Desde a injeção de parafina ao uso de vidro e bolas de marfim diversos materiais foram usados e testados, sendo frequentes as infeções com estes materiais, entre outras complicações. A evolução foi sempre numa procura de materiais que conseguissem bom resultado estético, mas também que fossem seguros, tendo a técnica cirúrgica também evoluído de forma a permitir melhores resultados, menos danos e menores e menos visíveis cicatrizes.

Após a II Guerra Mundial, as prostitutas japonesas injetavam silicone nas mamas para as aumentar e assim serem mais atraentes para os soldados Americanos, tendo “revolucionado” a história dos implantes fazendo do silicone um elemento crucial na história dos implantes mamários, passando a ser um dos materiais mais debatidos e estudado, com o objectivo de aumentar as mamas. O uso precoce de silicone injetado teve muitas complicações e infeções causando uma série de problemas de saúde, pelo que foi proibido nos Estados Unidos.

A era moderna do silicone começa em 1962, em que o gel de silicone é envolvido por uma película, encontrando-se assim dentro de uma “bolsa”. Era a revolução em termos de próteses de mama. De então para cá, quase decorridos 50 anos, muitas coisas se passaram. O gel de silicone passou por várias etapas de melhoramento na qualidade, a membrana envolvente passou por vários tipos e formas – lisas, texturizadas, micro texturizadas, poliuretano, entre outros materiais. O próprio silicone foi “vitima” de uma grande polémica por volta dos anos 90, tendo sido incriminado de várias doenças e problemas, onde estudos posteriores não foram concludentes nem esclarecedores de tal polémica, o que ainda hoje vai acontecendo, mas em menor escala. À conta disso apareceram próteses alternativas ao silicone, preenchidas com soro fisiológico, mucopolissacáridos (hidrogel) ou óleo de soja. A maioria destas trouxeram muito mais problemas sendo que estas últimas passaram a ser proibidas, as de hidrogel desapareceram e as de soro estão em extinção. A evolução veio para a nova geração de silicone – gel coesivo – com muito mais qualidade e garantia.

Existem organismos reguladores e controladores da qualidade do silicone utilizado pelos vários fabricantes de próteses de silicone, sendo a NUSIL o leader mundial do controlo do silicone usado no meio Médico.

Existem hoje em dia muitos fabricantes, marcas, modelos, formas e tipos de próteses para se aumentarem mamas. Existem bons e maus fabricantes. Existem próteses de boa e má qualidade. Existem próteses baratas sem qualquer tipo de controlo, tipo “marca branca” em que não se sabe quem as fez, donde vêm nem como são feitas. As próteses são para ser introduzidas dentro das mamas, ficarem para sempre sem problemas, por isso deve ter muito cuidado quando vai fazer uma cirurgia destas, onde vai fazer, com quem vai fazer e que próteses vão ser usadas. Todas as próteses implantadas devem ter uma informação escrita onde está tudo – a marca, modelo, tipo, volume, número de série e o lote – que deve ser dada a todas as portadoras de prótese de mama, que serve de segurança e garantia.

O aumento de mamas com próteses, até aos dias de hoje, é um processo mais seguro, eficaz e com resultado para toda a vida.

Cada cirurgião tem uma preferência para a escolha de próteses que utiliza, em relação à marca, modelo, forma, tipo de gel e de cobertura das próteses. Cada cirurgião tem a sua técnica e claro que entende, e bem, ser a melhor técnica e a melhor opção pelas próteses que usa.

Evita assim problemas e complicações se seguir todos estes princípios de escolher corretamente o cirurgião, a clínica, onde possa ser acompanhada com regularidade. O turismo estético pode sair caro e com consequências dramáticas, pois há locais destes que nem se sabe que material usam, quem faz, em que condições e nunca mais voltam a ser vistos no mesmo local.

Deve colocar próteses devidamente qualificadas e legalizadas (há quem use próteses que traz doutros países sem qualquer controlo por serem mais baratas, etc.) e pedir (se não lhe derem) um folheto informativo das próteses, fornecido pelas marcas, e o respetivo “passaporte” com as etiquetas das próteses que lhe foram introduzidas. Este documento é muito importante e deve guardar para toda a vida.

Autor: 
Dr. Ângelo Rebelo – Cirurgião Plástico
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
Clínica Milénio