Farmacêutica responde

Porque surgem as alergias? Porque variam de acordo com a estação do ano e de pessoa para pessoa?

Atualizado: 
06/05/2024 - 14:52
As alergias provêm de uma resposta excessiva do sistema imunitário a substâncias que normalmente são bem toleradas, como o pólen, ácaros, alimentos, entre outras que são designadas de alérgenos. Estas substâncias entram em contacto com o nosso sistema imunitário e geram-se anticorpos específicos que originam a libertação de histamina e consequentemente vasodilatação, edema e inflamação.

As alergias não são todas iguais, porque podem afetar diferentes órgãos e ter gravidades diferentes. Algumas reações podem ser fatais, nomeadamente a reação anafilática, que afeta a respiração e a função cardíaca.

As alergias alimentares mais comuns são à proteína do leite e do ovo e ao marisco. É ainda frequente a alergia a frutos secos, entre os quais o amendoim.

As alergias cutâneas podem ser originadas pelo contacto direto com o alérgeno, ou como uma manifestação difusa de uma alergia, como no caso das alergias alimentares. Nestes casos surgem eczemas, caracterizados por vermelhidão forte e com prurido.

A alergia ao pólen das gramíneas é muito comum. Este desencadeia um conjunto de reações como tosse, rinorreia (corrimento nasal), olhos lacrimejantes e pruriginosos e ocasiona um mal-estar geral designado de febre dos fenos.

A maioria dos tratamentos passam por reduzir ou impedir o contacto com o alérgeno e atenuar os sintomas. Para o tratamento podem ser usados comprimidos orais, para um tratamento mais generalizado; sprays ou gotas nasais; gotas oftálmicas ou cremes de aplicação direta na zona afetada.

Nos comprimidos orais são comumente utilizados anti-histamínicos, que impedem a atuação da histamina, e por isso há redução do edema, da comichão e vermelhidão. São preferidos os anti-histamínicos mais recentes que têm menos efeitos adversos, como a sonolência. Podem também ser usados fármacos que provocam vasoconstrição, mas que devem ser usados com precaução devido às várias contraindicações como o aumento da pressão arterial.

Nos sprays ou gotas nasais é habitual a utilização de vasoconstritores e de corticoides. Os primeiros têm uma ação rápida, no entanto, o seu uso prolongado pode causar “rebound”, ou seja, agravamento dos sintomas ou mesmo rinite medicamentosa. Os corticoides atuam como anti-inflamatórios locais e reduzem rapidamente os sintomas, atuam também na resposta imunitária e, por isso, podem ser utilizados durante vários dias, ou semanas, de acordo com indicação clínica. A higiene com águas do mar permite remover alérgenos do epitélio nasal, e quando enriquecidas em oligoelementos promovem um epitélio mais resistente aos alérgenos.

A nível oftálmico podem ser usados anti-inflamatórios e antialérgicos. Nas manifestações cutâneas são aplicados cremes, usualmente contendo corticoides e/ou anti-histamínicos. Deve também ser promovida uma boa hidratação da pele que permite manter a barreira hidrolipídica da pele.

Para prevenir as alergias devemos, em primeiro lugar, conhecê-las. Neste caso existem exames específicos que poderá realizar para conhecer as substâncias a que é alérgico. Algumas pessoas poderão ter indicação para realizar imunoterapia, através de vacinas personalizadas.

Para prevenção dos sintomas pode adotar estratégias como: manter as janelas de casa fechadas, substituir com frequência lençóis e fronha de almofada, aspirar frequentemente a casa, reduzir a humidade em casa e não expor desnecessariamente o nosso organismo a potenciais alérgenos, como fumo do tabaco.

Autor: 
Renata Cartaxo - Farmacêutica das Farmácias Reis Barata
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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