Por que as mulheres sofrem mais de incontinência urinária?
Se definirmos a Incontinência Urinária como pelo menos um episódio de perda de urina nos últimos 12 meses, ela ocorre em até 69% das mulheres e até 39% dos homens. Em Portugal, segundo a Associação Portuguesa de Urologia, estima-se a existência de 600 mil pessoas com Incontinência Urinária nas várias faixas etárias.
A insuficiência urinária deriva da incapacidade do funcionamento do sistema urinário. A perda involuntária de urina, que “envergonha” e provoca o medo que sejam notadas, e que acontece fora do conforto e proteção da residência, e em outros locais de frequência do costume, não é um drama, é uma condição.
É importante que se saiba que existe tratamento. A existência de “diabetes”, a perda de capacidades cognitivas e a demência não são fatores de risco, mas agravam a situação clínica. O tabaco, a dieta, a depressão, as infeções urinárias e a falta de exercício físico não são fatores de risco, mas prejudicam.
A gravidez, parto por via vaginal, obesidade, falta de estrogénios são fatores que não só podem originar, como agravar está situação.
A incontinência urinária pode ser classificada: Incontinência de Esforço; Incontinência por urgência miccional; Incontinência Mista e Incontinência por Regurgitação.
Na mulher existem com frequência: incontinência urinária de esforço; incontinência urinária por urgência miccional. Procuramos sempre conhecer as diferenças nas formas de perdas urinárias mais frequentes, e que podem ser provocadas por tosse, espirro, esforços como levantar pesos, e, urgência miccional, vontade súbita de urinar, não havendo tempo de/e para chegar a local apropriado.
No entanto, os tratamentos atuais permitem resolver o problema. A fisioterapia tem bons resultados e continua a ser o tratamento de primeira linha nos casos de IU de esforço ligeira e os exercícios de Kegel podem ser realizados pela pessoa sem necessidade de assistência. Consistem em contrações dos músculos do pavimento pélvico com a intenção de evitar uma eventual micção ou dejeção. Devem de ser fortes e mantidas o máximo de tempo possível, com uma breve pausa entre elas.
Os cones vaginais, a reabilitação perineal ou reeducação pélvica, que consiste num programa de exercícios complementados com a utilização de dispositivos especificamente concebidos para o efeito são outras alternativas que visam o reforço e reabilitação dos músculos pélvicos.
A inovação tecnológica surgiu exatamente nesta última área de intervenção. A indução magnética para a estimulação dos músculos do pavimento pélvico permite a reabilitação do esfíncter urinário e anal de forma não invasiva. Com seis a oito sessões de tratamento de 30 minutos cada, duas vezes por semana, consegue-se resultados que são encorajadores, nomeadamente a melhoria no controle dos esfíncteres.
Por último, a técnica e equipamentos de biofeedback, ensina e demostra a utilização da contração dos grupos musculares corretos e ideais para o controlo e melhoria das queixas de IU, enquanto a electroestimulação promove o fortalecimento da musculatura do pavimento pélvico através de contrações induzidas eletricamente por intermédio de elétrodos colocados na pele da região do períneo.
Existe, também, a opção de recorrer a medicamentos, mas, antes do tratamento aconselha-se a realização dos exames complementares de diagnóstico mais relevantes, tais como o estudo urodinâmico e a cistoscopia. O primeiro é um estudo funcional do aparelho urinário baixo, que na mulher consiste na bexiga, na uretra e nas suas estruturas envolventes. Tem particular importância na determinação da causa da IU e na definição do tipo de terapêutica e expetativas com o tratamento. É um exame demorado (cerca de 30 a 60 minutos) e invasivo, pois é necessário a introdução de uma sonda na bexiga e de uma sonda retal, mas permite-nos compreender o funcionamento e resposta da bexiga.
Por seu turno, a cistoscopia permite a observação do interior da uretra e da bexiga através da introdução de um aparelho endoscópico pela uretra. Está indicada na presença de sangue na urina, sintomas relacionados com o enchimento da bexiga ou outras patologias associadas. Uma grande proporção dos doentes com IU conseguem atingir a cura quando devidamente tratados, havendo a possibilidade de melhorias muito significativas para os restantes.