Pode o novo coronavírus ser transmissível através da comida?
Contudo, e aplicando o princípio da precaução, o reforço das medidas de higiene e limpeza é altamente aconselhado porque as boas práticas reduzem claramente a concentração de vírus e diminuem eficazmente a probabilidade de contaminação.
De modo, a ajudar a dissipar as principais dúvidas sobre esta matéria, a ASAE, com a colaboração do seu Conselho Científico, presta esclarecimentos às três questões essenciais nesta matéria.
O que é o coronavírus e o que se sabe sobre a sua transmissão?
Os coronavírus são comuns e a vulgar constipação pertence a esse grupo. No entanto, o novo coronavírus (SARS-CoV-2), apesar de causar sintomas semelhantes aos da gripe, tem uma gravidade superior, dado que pode ter efeitos muito mais negativos para a saúde. Apesar de todos os aspetos dos mecanismos de transmissão deste vírus em concreto ainda não estarem completamente determinados e esclarecidos, é já muito o conhecimento existente para os vírus deste tipo. Assim, sabemos que para este e para os outros vírus que têm como alvo o sistema respiratório, a via fundamental de transmissão são as gotículas emitidas pelos infetados e depois inaladas pelos outros (infeção por contato direto), ou através de contato com objetos contaminados (infeção por contato indireto) essencialmente através das mãos (que em média são levadas à cara mais de 20 vezes por hora).
Existe probabilidade da sua transmissão através da comida?
Apesar da adaptação deste vírus aos humanos ser muito recente, existe já uma considerável produção científica num curto espaço de tempo. Tanto nesta como na investigação anterior sobre os outros coronavírus, não existe nenhum tipo de evidência sobre a possibilidade de infeções devido à ingestão de comida. Isto é verdadeiro, tanto em relação ao SARS-CoV como em relação ao chamado Síndrome Respiratório do Médio Oriente (MERS-CoV), como relativamente ao que se estudou sobre este coronavírus: não existe qualquer evidência sobre a contaminação através da ingestão da comida.
As possíveis explicações estarão relacionadas com a baixa estabilidade deste tipo de vírus no ambiente (ou seja, o período em que existe a probabilidade de contaminação ser curto) bem como o fato de ter que haver uma concentração relativamente alta para que a contaminação tenha viabilidade.
Mas o que se conhece, com segurança, é a comprovada eficiência dos procedimentos de limpeza das superfícies para a redução das populações de vírus e a eliminação da viabilidade de contaminação.
O que devemos fazer (profissionais e não profissionais) para prevenir a contaminação?
A este respeito, para evitar a propagação do novo coronavírus, a Direção-Geral da Saúde recomenda:
- Evite tocar nos olhos, nariz ou boca com as mãos;
- Limpar e desinfetar com frequência objetos e superfícies de contacto em sua casa e no seu local de trabalho e evitar partilhar comida ou objetos;
- Quando espirrar ou tossir, tape o nariz e a boca com o braço ou com um lenço de papel que deverá ser colocado imediatamente no lixo;
- Quando estiver com outras pessoas, proteja-se e mantenha uma distância de pelo menos 1metro.
Especificamente no que se refere à preparação, confeção e consumo de alimentos, devem reforçar-se as medidas de higiene que já antes da pandemia eram recomendadas:
- Lavagem prolongada das mãos seguida de secagem apropriada evitando a contaminação cruzada (por exemplo fechar a torneira com uma toalha de papel ao invés da mão que a abriu enquanto suja);
- Desinfeção apropriada das bancadas de trabalho e das mesas com produtos apropriados;
- Evitar a contaminação entre comida crua e cozinhada;
- Cozinhar e “empratar” a comida a temperaturas apropriadas e lavar adequadamente os alimentos crus;
- Evitar partilhar comida ou objetos entre pessoas durante a sua preparação, confeção e Consumo.
Em resumo, não há evidência de que o novo tipo de coronavírus possa ser transmissível através da ingestão de comida, mas devem ser mantidas e reforçadas as medidas de prevenção de higiene pessoal e da cozinha seja em casa ou em contexto profissional.
*este é um conteúdo da ASAE – Autoridade de Segurança Alimentar e Económica
Mais informações na página: https://www.asae.gov.pt/