Pneumonia é uma das principais causas de morte, mas continua a ser menosprezada
Grave e potencialmente fatal, a Pneumonia pode deixar sequelas permanentes e assim reduzir de forma drástica a qualidade de vida de quem a contrai. Entre as sequelas mais comuns destacam-se as bronquiectasias, deformações dos brônquios, e o compromisso da função pulmonar. A permanência de tosse, expetoração ou falta de ar também são bastante comuns. No entanto, muitos são aqueles que continuam a não levar esta patologia a sério.
De acordo com o Presidente da Fundação Portuguesa do Pulmão, José Alves, “a pneumonia é responsável por, aproximadamente, um milhão e 600 mil mortes por ano em todo o mundo. É uma das principais causas de morte preveníveis através de vacinação e, só em Portugal, mata uma média de 16 pessoas por dia”.
Apesar da disseminação de informação e das diferentes campanhas que têm vindo a ser organizadas para sensibilizar a população, a Pneumonia continua a fazer vítimas, alerta o médico pneumologista.
“Inquéritos como o PneuVUE® mostram que a falta de informação é a principal causa para a reduzida taxa de vacinação contra a Pneumonia no nosso país: 84% das pessoas que se vacinaram contra a doença afirmaram tê-lo feito no seguimento de aconselhamento médico. Da mesma forma, 55% das pessoas que ainda não se tinham vacinado indicaram a falta de indicação médica como o principal motivo”, revela sustentando a importância da vacinação antipneumocócica. “Apesar de não ser difícil de tratar, como qualquer doença grave com elevado potencial de fatalidade, uma Pneumonia pode acabar muito mal. Não arrisquemos. Melhor do que tratar, é prevenir a doença”, apela referindo que, em média, são gastos 220 mil euros diários em internamentos relacionados com a patologia. “Vacinar-nos contra a Pneumonia significa diminuir a mortalidade e o risco de morte, diminuir a morbilidade, diminuir os custos pessoais e até mesmo os de saúde pública”, acrescenta o pneumologista.
Em Portugal, a vacinação antipneumocócica, está recomendada a todos os adultos que fazem parte dos grupos de risco, sendo que crianças e idosos estão mais suscetíveis a esta infeção. “Os extremos das idades estão entre os mais vulneráveis à Pneumonia. Uns porque o seu sistema imunitário ainda não está totalmente desenvolvido, outros porque, com o passar do tempo, o seu começa a enfraquecer”, explica o médico. No entanto, também aqueles que apresentam um sistema imunitário mais debilitado, em função de doença crónica, estão entre os que correm maiores riscos. “Entre os mais fragilizados, encontramos adultos em qualquer idade com doenças crónicas como diabetes, asma, DPOC, outras doenças respiratórias crónicas, doença cardíaca, doença hepática crónica, doentes oncológicos, portadores de VIH e doentes renais”, chama a atenção o presidente da Fundação Portuguesa do Pulmão.
Estes “devem, por isso, fazer a vacinação antipneumocócica, e adotar outras medidas preventivas como a vacinação sazonal contra a Gripe e o abandono de hábitos nocivos como o tabagismo ou o alcoolismo. Aconselha-se, também, que adotem práticas de vida saudáveis como uma alimentação equilibrada, que lavem regularmente as mãos e que procurem controlar outras doenças crónicas associadas”.
Numa altura em que muitos começam a ser atingido pelo vírus da gripe, o especialista chama ainda a atenção para o facto de ainda se poder confundir ambas as doenças. “Nesta época, há uma enorme tendência para confundir Gripe e Pneumonia – uma confusão que pode atrasar a procurar ajuda médica e originar problemas mais graves. A Pneumonia pode, inclusivamente, surgir como complicação de uma Gripe. Devemos ter atenção a quadros de Gripe que não apresentem melhorias, ou que vão piorando de forma continuada e, sempre que considerarmos necessário, procurar ajuda”, alerta.
A Pneumonia pode ser originada por diferentes agentes infeciosos, incluindo vírus, bactérias e fungos. “A bactéria Streptococcus pneumoniae, ou pneumococo, é a responsável pela maioria das pneumonias bacterianas. Transmite-se por contacto direto com as secreções respiratórias de um doente ou portador saudável”, explica o médico especialista.
Entre os sintomas mais frequentes, o pneumologista destaca a “tosse com expetoração, febre, calafrios, falta de ar, dor no peito quando inspiramos fundo, vómitos, perda de apetite e dores no corpo” como sinais que não devemos descurar.
O tratamento de uma Pneumonia inclui antibióticos, na maioria das vezes por via oral, e outros procedimentos que variam conforme a evolução e a causa da doença. E, embora, este seja quase sempre realizado em ambulatório, “se o doente apresentar outras morbilidades ou se a evolução da doença não decorrer como esperado” pode ser necessário recorrer ao seu internamento.
Por tudo isto, José Alves pede que leve a Pneumonia a sério! “Não se esqueça que, no contexto em que vivemos, dizer não à vacinação acaba por ajudar o Sars-Cov-2, aumentando a procura de cuidados médicos, e dificultando a resposta dos nossos serviços de saúde. Vacinar foi sempre importante, mas este ano ainda é mais. Se tem mais de 65 anos e/ou pertence aos grupos de risco, vacine-se”, sublinha.
"Mais do que tratar uma Pneumonia, devemos preveni-la. A Pneumonia pode ter consequências nefastas, mesmo para quem é considerado saudável, ou mesmo acabar na morte. Para quê arriscar?", questiona o médico.