A Pessoa e a Ostomia
A construção de uma ostomia pode acontecer por diversas causas e os tipos de estoma são denominados em função do segmento exteriorizado. Assim, se é a laringe que é retirada, diz-se que a pessoa fica com uma laringectomia (ostomia respiratória); se é exteriorizado o intestino delgado, diz-se que a pessoa fica com uma ileostomia (ostomia digestiva); se é o intestino grosso, diz-se que a pessoa fica com uma colostomia (ostomia digestiva); e se são os ureteres exteriorizados, diz-se que a pessoa fica com urostomia (ostomia urinária). Portanto, podemos acrescentar que a pessoa com ostomia é aquela que após uma cirurgia fica com um estoma.
Em Portugal, estima-se que existam cerca de 15 mil pessoas com ostomia, dos quais 80% a 90% por patologia oncológica e destas, as mais frequentes, são as digestivas.
O primeiro impacto após o diagnóstico clínico ou no pós-operatório com a confrontação da presença da ostomia, pode gerar um padrão emocional negativo não só pela presença da doença, mas pelas adaptações impostas pela presença do estoma. Esta necessidade de aquisição de novas capacidades pode gerar sensações de perda de autocontrolo e consequentemente, implicações na autoestima com repercussões na qualidade de vida.
Os problemas psicossociais também são comuns e resultam de alterações inevitáveis como a alteração da imagem corporal, sensação de mutilação, inferioridade e rejeição de si mesmo, a insegurança o medo de não ser capaz de gerir a nova condição. No caso das pessoas com ostomia digestiva, o receio de ruídos involuntários (gases), do dispositivo descolar, pode conduzir ao isolamento, à marginalização social, à redução das atividades de lazer e participação nas atividades familiares e sociais.
Se por um lado algumas pessoas encaram a ostomia como potencial para a cura, atribuindo-lhe como um valor essencial para o tratamento, por outro lado a ostomia pode representar a existência da doença, tornando mais difícil a aceitação da ostomia do que a própria doença.
Sabemos também que uma boa adaptação aos dispositivos está diretamente relacionada com a qualidade de vida da pessoa com estoma, proporcionando segurança e conforto, essenciais para retomar as atividades da vida diária, facilitando a integração não só familiar como social.
Os últimos anos, caracterizaram-se por terem sido um período altamente relevante porque se despertaram consciências e foi possível a realização de um trabalho conjunto com profissionais de saúde qualificados nesta área. Neste momento, a nível nacional, existe um regulamento baseado na legislação para estabelecer diretrizes nacionais para pessoas com ostomia que garantam os direitos de acesso ao material e de cuidados de saúde.
Em termos das necessidades de cuidados em saúde, foi também identificado o Enfermeiro com prática Diferenciada e Avançada em Estomaterapia reconhecida pela Ordem do Enfermeiros que aprovou, o projeto de Regulamento da Competência em Estomaterapia e definiu o perfil do Enfermeiro de Estomaterapia.
A publicação destes documentos permitiu a consolidação e a abertura de novas consultas de Estomaterapia na maioria das Unidades Hospitalares e em diversos serviços na comunidade, no Continente e Ilhas. Os cuidados de Enfermagem de Estomaterapia, em Portugal, caracterizam-se por elevados padrões científicos e de diferenciação, assim, os Enfermeiros de Cuidados em Estomaterapia acompanham os avanços tecnológicos e, as técnicas cirúrgicas, os dispositivos e os acessórios para os cuidados à ostomia e pele peri-estoma, disponibilizando à pessoa com ostomia e família respostas adequadas à sua condição.
Para a pessoa com ostomia deixo algumas palavras, que espero tranquilizadoras: use apenas os materiais indicados à sua situação e às suas necessidades, indicados pelo Enfermeiros de Cuidados em Estomaterapia. Esteja atento aos sinais de complicações e consulte o Enfermeiro de Estomaterapia sempre que tenha qualquer dúvida.
Não deixe que a presença de um estoma limite a sua vida, estamos aqui para o ajudar a recuperar o seu bem-estar e a seguir em frente. Conte connosco.