Saúde Mental

Perturbação de Personalidade Borderline

Atualizado: 
31/07/2020 - 11:35
Estima-se que entre 2 a 6% da população mundial sofra de Perturbação de Personalidade Borderline, uma doença caracterizada por uma intensa instabilidade emocional. Alguns estudos demonstram que a maioria dos diagnósticos surge entre mulheres.

Mas para entendermos mais sobre o tema, convém começarmos pelo básico e tentar explicar como se forma a personalidade. “De forma resumida, personalidade é aquilo que torna cada pessoa numa pessoa diferente de todas as outras”, explicam os especialistas.

A forma como a personalidade se estabelece vai depender de muitos fatores. Entre eles, fatores biológicos e genéticos que não conseguimos controlar, mas que interferem na forma como pensamos e sentimos as situações e como agimos. Por outro lado, há fatores do desenvolvimento da pessoa na infância, que ajudam a formar a ideia do mundo e das coisas que a pessoa tem e que vão influenciar a forma como olha para o que lhe acontece ao longo da vida. “O ambiente em que a pessoa vive (social, económico, cultural) também contribui de forma decisiva para a formação da personalidade”, acrescentam. Deste modo, é a harmonização de todos estes fatores que irá determinar a personalidade de cada um.

As perturbações de personalidade

Embora se possam considerar relativamente frequentes, já que os estudos indicam que 1 em cada 10 pessoas sofre de uma perturbação de personalidade, este número distribui-se por todas as perturbações de personalidade que existem e que se integram em 3 grandes grupos, segundo um dos sistemas de classificação de perturbações mentais mais amplamente utilizados a nível mundial — o DSM-5: Perturbações da personalidade Cluster A (bizarro/excêntrico); Perturbações da personalidade Cluster B (teatral/emotivo/errático); Perturbações de Personalidade Cluster C (ansioso).

O diagnóstico de uma perturbação de personalidade “pode estabelecer-se quando uma pessoa, ao longo da sua vida, mantém um comportamento pouco flexível perante as diferentes situações da vida, o que faz com que tenha dificuldade em adaptar-se, causando sofrimento a si própria e àqueles com quem convive — sejam as situações habituais ou novas, pessoais/familiares ou sociais ou do trabalho”. Quando comparados com o que é habitual, estes padrões de comportamento são entendidos como desvios de comportamento que dificultam a vida de quem deles sofre.

O que é a Perturbação de Personalidade Borderline?

Inserida no grupo de Perturbações da personalidade Cluster B (teatral/emotivo/errático), é marcada por oscilações no campo das emoções. Habitualmente, são pessoas emocionalmente muito instáveis, reagindo com grande irritabilidade ou raiva às situações, e que oscilam muito rapidamente entre a tristeza e a alegria, a irritabilidade ou a calma.

“A forma como pensam e sentem as coisas e as pessoas é «a preto e branco», isto é, tão depressa tudo é fantástico e maravilhoso, como tudo é a pior coisa de sempre; tão depressa uma pessoa é admirável como é uma malfeitora”, revelam os especialistas.  Deste modo, têm muita dificuldade em estabelecer relações saudáveis, não aceitando pequenas críticas e sendo frequentemente conflituosas. Isto, habitualmente, leva a separações e perdas que depois têm dificuldade em aceitar, sentindo-se desprezadas e abandonadas, o que lhes causa muito sofrimento.

“São pessoas habitualmente irritáveis e que se sentem vazias, entediadas e tristes”, muito embora tenham períodos em que, pelo contrário, se consideram inigualáveis. Apresentam frequentemente comportamentos autolesivos, como cortes superficiais nos braços ou pernas que as fazem sentir temporariamente menos angustiadas, como se uma dor física aliviasse o sofrimento psíquico.

A impulsividade destes doentes faz ainda que possam desenvolver comportamentos aditivos – álcool ou drogas – ou compulsões alimentares. Por outro lado, esta perturbação, está frequentemente associada a outros transtornos, como a depressão ou a ansiedade. Estima-se, aliás, que 10% dos doentes que são diagnosticados com Perturbação de Personalidade Borderline, chegam ao consultório com queixas de ansiedade ou depressão.

O stress durante a primeira infância pode contribuir para o desenvolvimento desta perturbação de personalidade, assim como história de abuso físico e sexual, negligência, separação ou perda de um pai é comum entre estes doentes.

No entanto, sabe-se, por exemplo, que o fator genético desempenha um papel importante no seu desenvolvimento. Estudo mostram que quem tem familiares de primeiro grau com o distúrbio é cinco vezes mais propenso a desenvolvê-lo.

O principal tratamento para a Perturbação de Personalidade Borderline é a psicoterapia.

Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Fonte: 
Manuais MSD e saudemental.pt
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
Pixabay