Paralisia cerebral: Subtipos
O conceito de paralisia cerebral evoluiu para definir uma disfunção motora resultante de uma lesão cerebral ocorrida na vida fetal ou numa fase precoce do desenvolvimento (até aos 5 anos).
Em Paralisia cerebral podem manifestar-se, além da doença motora, disfunção cognitiva e comportamental, dificuldades de aprendizagem, epilepsia, défice visual ou auditivo e podem também ocorrer complicações respiratórias, nutricionais e ortopédicas.
Esta disfunção ou dificuldade motora será não progressiva, no sentido que é o resultado (ou a «sequela») de uma lesão cerebral que não é continuada no tempo.
Contudo a expressão final de paralisia cerebral não está presente imediatamente após se constituir uma lesão: a constituição/«cicatrização» da lesão e o desenvolvimento do bébé nos primeiros anos de vida são dois processos de sinal oposto. O resultado final, as dificuldades ou disfunções que irão ocorrer mais tarde, requer uma observação cuidada, experiente e prolongada no tempo.
Paralisia cerebral ocorre um cerca de 1 a 5/1000 crianças.
A disfunção motora mais comum é a paralisia associada a uma «rigidez» muscular associada chamada hipertonia espástica.
Paralisia cerebral espástica é assim a variante mais comum. Pode ter um padrão unilateral de paralisia (variante «hemiplégica» ou de 2 membros unilateral) em que sómente os membros superior e inferior direitos ou esquerdos são afectados pela paralisia e hipertonia. Também ocorre a variante com envolvimento mais grave nos membros inferiores que nos membros superiores (chamada «diplégica» ou de 2 membros bilateral), habitualmente resultante de complicações neurológicas da prematuridade. Na forma mais grave, os 4 membros são afectados por uma paralisia com hipertonia espástica («tetraplégica» ou de 4 membros bilateral).
Existem casos mais raros de paralisia cerebral em que o defeito é sobretudo do controlo de movimento (forma «extrapiramidal» ou discinética). Manifestam-se por movimentos involuntários que se assemelham a movimentos de «torsão» nos membros e no tronco.
Finalmente na variante menos comum (atáxica) não há «rigidez» mas sim flacidez muscular (hipotonia) e há um defeito na coordenação motora (na precisão dos movimentos) e dificuldades de equilíbrio.
Os problemas associados a paralisia cerebral que antes descrevemos (cognitivos, epilepsia, problemas respiratórios, nutricionais, ortopédicos) ocorrem em combinações variáveis sendo a gravidade também variável nos vários subtipos de Paralisia cerebral.
Na Paralisia cerebral tetraplégica em geral os défices cognitivo e motor são graves, epilepsia muito frequente e as complicações de outros órgãos frequentes também e problemáticas
Na Paralisia cerebral hemiplégica o défice cognitivo nem sempre está presente, epilepsia tem uma frequência intermédia.
Na Paralisia cerebral diplégica a deficiência motora pode ser problemática assim como dificuldades de aprendizagem.
Na Paralisia cerebral disquinética o défice motor pode ser bastante grave sendo o défice cognitivo inconstante e incluindo casos com inteligência normal ou mesmo superior. Epilepsia é pouco frequente.
Em Paralisia cerebral atáxica coexistem sobretudo défice cognitivo e disfunção motora.