Os tumores oculares mais frequentes
Vários fatores de risco pessoais e ambientais podem contribuir para o desenvolvimento de lesões tumorais oculares, nomeadamente a genética, o estado imunitário, a cor da pele, a exposição à luz solar ou UV, entre outros.
Os tumores intraoculares podem ter origem no olho (tumores primários) ou em qualquer outro órgão ou tecido do corpo, após o que invadem ou disseminam para o olho (tumores secundários). Neste último grupo encontram-se mais frequentemente metástases de tumores da mama e do pulmão, assim como algumas doenças hematológicas. Por outro lado, os tumores primários do olho podem também enviar metástases à distância para outros órgãos alvo, mais frequentemente o pulmão e o fígado, podendo pôr em risco a vida do doente.
Dentro do olho, os tumores malignos mais frequentes são o melanoma e as metástases. O melanoma coroideu é um tumor maligno raro que pode atingir grandes dimensões, provocar perda da visão e risco de vida. Nas fases iniciais são lesões de pequenas dimensões, muitas vezes com uma localização periférica, o que dificulta o seu diagnóstico precoce. O seu tratamento deve ser realizado num Centro de Referência, que em Portugal se localiza no Centro Hospitalar Universitários de Coimbra (CHUC). A metástase coroideia, pode atingir um ou ambos os olhos de uma forma uni ou multifocal. Apresenta um crescimento rápido e dada a sua localização central provoca quase sempre alteração da visão. É o tumor intraocular maligno mais frequente e, nalguns casos, pode ser detetado antes do tumor primário, o que implica sempre uma avaliação e tratamento multidisciplinar (oftalmologia, imagiologia, oncologia medica e radioterapia).
Em idade pediátrica, o retinoblastoma é o tumor ocular primário mais frequente, surgindo até aos 5 anos de idade em >90% dos casos. A leucocória (reflexo pupilar branco) e o estrabismo são os sinais mais frequentes à apresentação. Sem tratamento, o retinoblastoma leva à morte em 2-4 anos por invasão do sistema nervoso central e metastização à distância. Contudo, se identificado e tratado precocemente, a sobrevida é >90%. Desde 2015 que o CHUC é Centro de Referência Nacional para o tratamento destes tumores.
Nas pálpebras também podem surgir lesões tumorais benignas ou malignas. O carcinoma basocelular é o tumor palpebral maligno mais comum e corresponde a 90% de todas as lesões malignas palpebrais. Um dos principais fatores de risco é a exposição solar. Esteja atento a alterações recentes do bordo palpebral, distorção da margem palpebral, perda de pestanas, ferida que sangra facilmente e que não cicatriza ou alterações da cor e textura da pele. Qualquer dúvida deve ser esclarecida com o seu Oftalmologista que fará o diagnóstico num exame de rotina. Quanto mais precoce for o diagnóstico e o tratamento, maior a probabilidade de cura. Do mesmo modo, o impacto na arquitetura palpebral (após a remoção do tumor e posterior reconstrução) será tanto menor quanto mais rápido for instituído o tratamento.