Opinião

Obesidade e Covid

Atualizado: 
05/03/2021 - 17:53
Em plena pandemia, a obesidade é o principal fator de risco para a Covid-19. Significa isto que a obesidade e a Covid-19 se potenciam no dano que causam na saúde e na vida dos doentes atingidos. Com obesidade é mais fácil infetar-se com a Covid e quando tal acontece, a doença é mais grave com consequências e sequelas mais importantes. São duas doenças que se potenciam no mau sentido.

Outros fatores de risco para que um caso de Covid 19 seja grave e potencialmente mortal, ainda de acordo com a OMS, são a idade > 60 anos e as doenças associadas: hipertensão arterial, diabetes, doenças respiratórias e doenças oncológicas.

Acontece que a hipertensão e a diabetes tipo 2 estão intimamente ligadas à obesidade e estão presentes na maioria dos obesos. Cedo foi constatado, na primeira vaga da doença em outros países como Itália e França que os óbitos eram mais frequentes em portadores de hipertensão e diabetes, seja do tipo 1 ou 2.

As reconhecidas revistas médicas “Journal of the American Medical Association” e “Lancet” publicaram artigos demonstrando que 48% das mortes por Covid 19 ocorreram em doentes com hipertensão e/ou diabetes associados.

Assim sendo, o tratamento e controle da diabetes, da hipertensão arterial e permitirá que as defesas imunitárias estejam mais fortes, ou seja, terão menor risco de ter uma forma grave de COVID 19.

Porque estas doenças são muito frequentes em doentes com obesidade ou excesso de peso, a redução de peso permite igualmente uma redução importante do risco, pois

leva a uma melhoria quase imediata da diabetes, da hipertensão e das dislipidemias (excesso de gorduras do sangue).

Nos obesos submetidos a cirurgia bariátrica e metabólica, os benefícios são claros e incontestáveis, principalmente porque os mecanismos imunológicas dificultam o acesso do vírus e melhoram e restabelecem os mecanismos que inibem o efeitos prejudiciais do vírus da Covid 19.

Sabemos ainda que a redução de peso após cirurgia de obesidade é consistente e duradoura e, da mesma forma, o controle do diabetes e da hipertensão são inequivocamente prolongados no tempo. Ou seja, as defesas do organismo ficam mais eficazes durante anos.

Portanto, os obesos operados têm risco muito menor de contrair o Coronavírus, menores taxas de internamento e mortalidade, se comparado ao seu estado de saúde antes da cirurgia bariátrica e metabólica com o consequente controle da diabetes, hipertensão e obesidade.

Para além das vacinas e dos cuidados higiénicos hoje em prática, emagrecer é mais uma garantia de manutenção do seu bem estar sem riscos desnecessários.

Neste contexto, a cirurgia bariátrica e metabólica é considerada um efeito protetor, dessa forma:

  • Se você tem obesidade ou diabetes é um doente de risco, cumpre os critérios de indicação para o tratamento cirúrgico e deve considerar em tomar a decisão de se curar com cirurgia, os benefícios sobrepõem-se muitíssimo aos riscos;
  • Se você tem obesidade ou diabetes e está em tratamento pré-operatório, continue esse caminho com a sua equipa multidisciplinar
  • E você que já realizou a cirurgia bariátrica e metabólica, mantenha o acompanhamento com a sua equipa multidisciplinar, esta atitude contribuirá diretamente para a manutenção do seu peso e das doenças que facilitam a instalação da Covid 19.

Autor: 
Dr. Rui Ribeiro - Cirurgião
Coordenador da Unidade de Cirurgia Geral e do Centro da Doença metabólica na Clínica de Santo António
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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