Cirurgião explica

O que são as Redes Hemostáticas?

Atualizado: 
13/11/2024 - 14:39
As redes hemostáticas consistem suturas cirúrgicas estrategicamente aplicadas para aproximar as camadas mais superficiais da face (pele) das profundas (SMAS), com o objetivo de comprimir e selar pequenos vasos sanguíneos que, de outra forma, poderiam causar sangramentos ou hematomas. Esta abordagem foi proposta pelo Dr. André Auersvald em 2011 e desde então tem ganho bastante popularidade por se mostrar eficaz na redução do risco de hematoma pós-cirúrgico não só no facelift, bem como em outras Cirurgias Plásticas na face e corpo.

Como Funcionam na Prática?

Durante o um facelift, o cirurgião disseca/separa os planos superficiais da face dos profundos. Esta técnica de rede hemostática funciona como uma "malha de segurança", colapsando o espaço morto e através da pressão que exerce, diminui o risco de hemorragia. Esta rede de pontos ajuda a manter a hemóstase da área intervencionada. Além da redução da frequência de hematomas, ainda minimiza a formação de seromas, reduzindo a necessidade de drenagem pós-operatória.

Principais Vantagens das Redes Hemostáticas

  • Redução de hematomas: o hematoma é a complicação mais frequente após um lifting cervico-facial. Na publicação de 2011 do Dr. Auersvald demonstrou a diminuição de hematoma na população estudada de 17% vs 0% nos pacientes em que utilizou rede hemostática
  • Melhores cicatrizes: Ao ajudar a “segurar” os tecidos superficiais aos profundos, esta técnica pode melhorar as cicatrizes cirúrgicas uma vez que há menos tensão sobre os cicatrizes-
  • Redução na necessidade de drenos: uma vez que a rede colapsa os vasos sanguíneos e diminui o espaço morto, muitos cirurgiões deixaram de aplicar drenos após o facelift
  • Menor tempo de recuperação: dado diminuir o edema e o espaço morto, as pessoas retomam a vida habitual mais rapidamente

Principais Desvantagens das Redes Hemostáticas

  • Atrasos na cicatrização: Os pontos hemostáticos têm o reverso da medalha. Ao causarem pressão nos tecidos podem causar necroses cutâneas e atrasos na cicatrização, especialmente em pacientes fumadores
  • Despigmentação permanente: Outra desvantagem que tem vindo a ser apontada com frequência são as alterações da coloração da pele, que podem ocorrer após esta sutura.

Conclusão

Face ao exposto, na minha prática clínica opto pela utilização destas suturas hemostáticas por vezes. Considero ser uma ferramenta valiosa em casos em que temos uma grande dissecção cirúrgica (em que separámos muitos os tecidos superficiais dos profundos) e em pacientes com bom potencial de cicatrização. Estas suturas são perigosas em pacientes fumadores, uma vez que já têm um risco aumentado de necrose da pele, e causar mais pressão sobre os retalhos cutâneos só multiplica exponencialmente este risco. Existem ainda vários estudos a demonstrarem que uma quantidade significativa de pacientes podem ficar com alterações da cor da pele onde foram dados estes pontos. Por isso, na minha prática clínica opto pela realização da sutura hemostática em paciente selecionados e em zonas da face em que quero dar mais definição, como é o caso do bordo mandibular. Como todas as técnicas, é importante conhecer as suas vantagens e desvantagens para podermos retirar o melhor proveito e conseguir ter os melhores resultados para os nossos pacientes!

Autor: 
Dr. Diogo Andrade Guimarães - Cirurgião Plástico Clínica Ana Silva Guerra e Hospital S. José
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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