O que precisamos saber sobre o Linfoma
O Linfoma “é um tumor maligno do sistema linfático em que as células tumorais são os linfócitos, um tipo particular de glóbulos brancos, cuja função é a defesa contra as infeções, e que têm origem na medula óssea”.
De acordo com Manuel Abecasis, existem muitos tipos de Linfoma – segundo a OMS há 60 tipos diferentes. “Estes classificam-se em dois grandes grupos: os linfomas de Hodgkin e os linfomas não-Hodgkin”, começa por explicar o presidente da APCL.
De entre os linfomas não-Hodgkin, os mais frequentemente diagnosticados, o médico adianta que “os mais frequentes são os Linfomas de Células B e, destes, os conhecidos como Linfomas B Difusos de Grandes Células (LBDGC) constituem cerca de 40% dos casos, seguidos pelos Linfomas Foliculares que são cerca de 30%”. Há ainda os linfomas não-Hodgkin de Células T e de Células NK, “que são entidades mais raras”.
Quanto ao linfoma de Hodgkin, o especialista salienta que esta é “uma variante distinta que merece ser considerada à parte, não só pelo facto do seu tratamento ser diferente, mas também pelo seu prognóstico, em geral mais favorável”.
No que diz respeito à sua apresentação clínica esta pode ser “muito variável consoante o tipo de linfoma”.
Assim, Manuel Abecasis, explica: “Se considerarmos as formas mais frequentes, os Linfomas B Difusos de Grandes Células (LBDGC), as manifestações habituais são o aparecimento de gânglios linfáticos aumentados de volume por exemplo no pescoço ou nas axilas, febre, emagrecimento, suores excessivos”.
Quanto aos linfomas foliculares, estes “têm uma apresentação mais discreta, sendo que o gânglio no pescoço ou nas virilhas aumenta um pouco e só passado algum tempo é que isso leva o doente a consultar o médico”. O especialista reforça, no entanto, que nenhum destes sintomas é exclusivo dos linfomas, pelo que podem confundir-se com os de outras doenças.
A alteração de um ou mais genes que controlam o desenvolvimento ou a morte dos linfócitos é o que está na origem da doença. No entanto, a causa dessas mutações – adquiridas e não hereditárias – é, habitualmente, desconhecida. Em todo o caso, admite-se que alguns linfomas possam estar associados a infeções crónicas provocadas por vírus ou bactérias, alterações da imunidade ou exposição prolongada e repetida a alguns agentes tóxicos.
Admite-se ainda que “as condições ambientais: poluição, alimentação e outras menos conhecidas” possam contribuir para um aumento da incidência, nos últimos anos, sobretudo, no que diz respeito aos dos linfomas foliculares.
“O diagnóstico de linfoma é sempre feito através da biopsia de um gânglio ou órgão envolvido”, adianta Manuel Abecasis. “Por vezes, quando há células do linfoma no sangue, a utilização de citometria de fluxo para caracterização dessas células pode sugerir o diagnóstico. O diagnóstico de linfoma hoje baseia-se não só na morfologia clássica (histologia) do gânglio, mas recorre à imunocitoquímica, citogenética por FISH e genética molecular para uma caracterização adequada da doença”, acrescenta.
Relativamente ao tratamento, o presidente da Associação Portuguesa Contra a Leucemia (APCL) refere que este assenta, sobretudo, na quimioterapia e radioterapia. “Para os linfomas não-Hodgkin B, a imunoquimioterapia é regra geral, associando anticorpos monoclonais. Se quisermos simplificar os avanços no tratamento destes linfomas podemos recorrer à menemónica ABC. Assim, A para Antibody drug conjugates (anticorpos conjugados com medicamentos), B para Bispecific antibodies (anticorpos biespecificos que potenciam o sistema imunitário do doente) e C para CAR T cells (modificação dos linfócitos T do doente através da introdução de um recetor quimérico)”, explica.
“Há ainda os imunomoduladores e as pequenas moléculas específicas que atuam bloqueando vias de transmissão de sinais responsáveis pela proliferação das células do linfoma”, adianta Manuel Abecasis, sublinhando que “Em alguns casos, a transplantação de medula óssea autóloga ou alogénica pode ser uma opção válida”.