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O que é o Linfoma?

Atualizado: 
17/09/2019 - 10:59
Trata-se de um dos tipos de cancro mais frequentes em Portugal. O Linfoma é uma doença maligna do sangue que se caracteriza pela produção anómala de linfócitos e de células de gânglios linfáticos. Neste artigo, a especialista em Hematologia, Daniela Alves, explica tudo o que precisa saber sobre a doença, desde os sintomas ao seu tratamento.
Ilustração de glóbulos brancos

O linfoma é uma doença maligna que afeta os linfócitos, que são um subtipo de glóbulos brancos. Os linfócitos têm como função a montagem e regulação da resposta imunitária, combatendo desde infeções virais a células cancerígenas (linfócitos T). São ainda as células responsáveis pela produção de anticorpos. (linfócitos B)

Os linfócitos encontram-se habitualmente nos gânglios linfáticos, no sangue e no baço. Podem ainda ser encontrados noutros órgãos tais como o estômago, intestino, pulmão, amígdalas, entre outros. Assim, os linfomas habitualmente afetam os compartimentos onde habitualmente se encontram os linfócitos. Dependendo do subtipo de linfócitos e da sua localização assim se classificam de forma diferencial os linfomas.

Sintomas

Os sintomas associados a esta patologia dependem do subtipo específico de linfoma e da sua localização. Existem depois sintomas inespecíficos que podem surgir de forma transversal a todos os tipos de linfoma:

  • Cansaço,
  • Falta de apetite,
  • Perda de peso,
  • Suores noturnos
  • Febre esporádica

Dependendo da localização, os doentes podem notar o aparecimento de gânglios aumentados e podem ainda apresentar alterações em análises de sangue, como anemia, plaquetas baixas, número aumentado de linfócitos.

Tipos de Linfoma

Classicamente os linfomas são inicialmente divididos em Linfomas de Hodgkin e Linfomas Não Hodgkin.

O linfoma de Hodgkin é caracterizado pela presença de linfócitos malignos (chamados de células de Reed-Sternberg), que provocam uma reação inflamatória desmesurada em seu redor ao desregular a resposta imunitária das células normais. Salvo algumas exceções, o linfoma de Hodgkin tem melhor prognóstico, sendo muito sensível à quimioterapia e à radioterapia. Este tipo de linfoma é mais comum no adulto jovem, tendo posteriormente outro pico de incidência no idoso, sendo que nesta faixa etária é mais difícil de obter remissão.

O Linfoma Não Hodgkin (LNH) é constituído por um grupo muito grande e heterogéneo de doenças. Os vários subtipos de Linfoma Não Hodgkin estão relacionados com o tipo de linfócito envolvido. De forma mais generalista, podemos classificar os LNH em linfomas indolentes (considerados de evolução mais lenta e crónicos) e os linfomas agressivos (de evolução mais aguda, mas que são curáveis).

Tratamento

Os linfomas indolentes são doenças que se desenvolvem de forma mais lenta. Por esse motivo, quando tratados com esquemas de quimioterapia, embora se consiga atingir boas respostas com desaparecimento dos gânglios aumentados ou outras massas, não se consegue erradicar a doença na totalidade. Este tipo de linfomas tem uma evolução por paroxismos, alternando entre períodos em que são sintomáticos e que têm que ser tratados e períodos em que estão senescentes (adormecidos). Assim, tenta-se só tratar quando realmente necessário, de forma a evitar efeitos adversos e toxicidade desnecessária.

Os linfomas agressivos surgem de uma forma mais explosiva, necessitando rapidamente de iniciar tratamento. O objetivo do tratamento é a erradicação total da doença e consequente cura.

Assim, a recaída de um linfoma agressivo tem um significado prognóstico muito mais desfavorável do que a recaída de um linfoma indolente (que é espectável). Se um linfoma agressivo recidiva, significa que não foi atingida a cura e os tratamentos subsequentes têm que incluir tratamentos de quimioterapia de alta dose e eventual transplante (nos doentes jovens).

Atualmente, havendo um maior conhecimento dos mecanismos de desenvolvimento dos linfomas a nível genético e molecular, vão também sendo desenvolvidos novos fármacos, o que abre uma janela a tratamentos inovadores, mais específicos e que trazem uma esperança aos doentes que tenham linfomas resistentes à quimioterapia.

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Autor: 
Dra. Daniela Alves - Especialista em Hematologia Clínica Hospital Lusíadas Lisboa
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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