Opinião

O papel dos medicamentos não sujeitos a receita médica no autocuidado: benefícios e responsabilidades

Atualizado: 
14/11/2024 - 15:47
Os medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) desempenham um papel essencial no autocuidado, proporcionando uma opção acessível e prática para gerir condições de saúde leves e temporárias. Estes medicamentos, conhecidos também como de venda livre, facilitam o acesso a soluções terapêuticas eficazes e promovem a autonomia do doente. Contudo, a utilização destes fármacos levanta questões relevantes relacionadas com a segurança, a responsabilidade e o impacto na saúde pública.

A oferta crescente de MNSRM reflete mudanças nas dinâmicas da sociedade moderna, onde as pessoas procuram, cada vez mais, soluções rápidas e eficazes para problemas comuns de saúde. Estes medicamentos abrangem áreas como o alívio da dor, tratamento de sintomas de constipações e gripes, distúrbios digestivos ou alergias, entre outros. A conveniência e acessibilidade dos MNSRM são vantagens inegáveis, contribuindo para reduzir a pressão sobre os sistemas de saúde, sobretudo em situações onde uma consulta médica pode não ser necessária.

Além disso, os MNSRM contribuem para o empoderamento dos cidadãos em relação à sua própria saúde. A capacidade de identificar sintomas comuns e tomar medidas imediatas para aliviá-los ou tratá-los promove uma maior autonomia e responsabilidade individual.

No entanto, o fácil acesso a estes medicamentos pode levar, por vezes, a uma utilização inadequada ou excessiva, trazendo riscos para a saúde. O autocuidado não deve ser confundido com a automedicação irresponsável.

Neste sentido, as campanhas de sensibilização sobre o uso adequado dos medicamentos de venda livre têm um papel crucial. É fundamental que os consumidores sejam informados sobre os benefícios e limites destes medicamentos, bem como sobre a necessidade de ler atentamente o folheto informativo, seguir as posologias recomendadas e consultar o farmacêutico ou médico sempre que tiverem dúvidas. A educação em saúde é uma ferramenta poderosa para prevenir abusos e promover um uso seguro e eficaz dos MNSRM.

Outro desafio crescente no contexto do autocuidado é o aumento do recurso a plataformas digitais para a compra de medicamentos. Embora a venda online de MNSRM possa ser conveniente, há riscos associados como a possibilidade de adquirir produtos falsificados ou de qualidade duvidosa através de fontes não credenciadas. Neste sentido, é crucial que os consumidores saibam identificar farmácias online legítimas e certificadas, protegendo-se de possíveis riscos para a sua saúde.

Por fim, o papel dos MNSRM no autocuidado está intimamente ligado à responsabilidade individual. Um autocuidado eficaz depende de um equilíbrio entre a autonomia na gestão da saúde e a consciência dos limites da automedicação. Os medicamentos de venda livre são uma ferramenta valiosa para o alívio de sintomas e tratamento de problemas menores, mas não substituem o diagnóstico e acompanhamento médicos quando necessário. O uso responsável destes fármacos é, assim, essencial para uma abordagem preventiva da saúde, promovendo o bem-estar sem comprometer a segurança. Ao promover um uso informado e consciente dos MNSRM, é possível maximizar os benefícios desta forma de autocuidado, minimizando os riscos e contribuindo para uma sociedade mais saudável e autónoma.

Conclui-se, assim, que a nossa missão é crucial: ao fomentar a literacia em saúde, ajudamos os consumidores a tomar decisões mais informadas, incluindo quando é necessário procurar um profissional de saúde. Assim, contribuímos para um consumidor mais esclarecido e capacitado para fazer escolhas seguras e informadas sobre a sua saúde.

Autor: 
Pedro Gouveia - Country Head PORTUGAL Opella Healthcare Portugal
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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