O Dia da Fibromialgia é todos os dias para aqueles que se esforçam por ter uma vida digna e com pouco sofrimento
Este dia continua a ser importante porque as pessoas diagnosticadas com Fibromialgia, no nosso país, continuam a não obter qualquer tipo de apoio das entidades competentes, aquando do seu diagnóstico.
O que falta? Bom, tudo.
Segundo o Ponto 3 do Artigo 63º do Capítulo II da Constituição da República Portuguesa, “O sistema de segurança social protege os cidadãos na doença, velhice, invalidez, viuvez e orfandade, bem como no desemprego e em todas as outras situações de falta ou diminuição de meios de subsistência ou de capacidade para o trabalho.” e o Artigo 64º sobre a Saúde, falam-nos de um Estado inclusivo para com toda a população.
Era excelente se estas linhas fossem postas em prática para com os doentes de Fibromialgia.
As pessoas diagnosticadas com esta síndrome em Portugal, não conseguem obter percentagem de invalidez, pois a FM nem sequer consta na Tabela Nacional de Incapacidade (TNI), assim torna-se muito difícil ter acesso à reforma antecipada se assim o desejarem, ou candidatarem-se a algum tipo de apoio da Segurança Social.
Com essa ausência de percentagem de incapacidade, também é quase impossível as entidades empregadoras acreditarem no sofrimento do seu trabalhador, pois às vezes bastava fazer pequenas adaptações no trabalho, para que a pessoa se sentisse mais confortável e continuasse a ser produtiva.
É também importante a prioridade no acesso ao Sistema Nacional de Saúde se a pessoa estiver num estado avançado da doença ou em momento de crise.
São inúmeros os relatos que chegam até nós (Associação Portuguesa de Fibromialgia) de pessoas que não conseguem suportar financeiramente os encargos dos seus tratamentos, despesas de casa, etc., pois têm imensas dificuldades em trabalhar.
No acesso à educação, também há crianças e jovens a serem diagnosticadas com FM, muitas das vezes é difícil para eles fazer Educação Física por exemplo, ou serem assíduos às aulas devido às crises. É fundamental que as escolas insiram estes alunos nas Necessidades Educativas Especiais, para que sejam criadas medidas de suporte à aprendizagem e à inclusão, para que o rendimento académico não seja de todo condicionado pela FM. Mas, nem todas as escolas aceitam fazê-lo, pois trata-se de uma patologia que “não se vê”. (Diário da República, 1.ª série — N.º 129 — 6 de julho de 2018)
Estima-se que 1,7% da população sofra de FM (EpiReumaPT), ora são 1,7% de pessoas que estão desamparadas, que não sabem a quem recorrer para subsistir e ao mesmo tempo tratar a sua doença.
A Fibromialgia é uma Doença Reumática, que foi reconhecida pela Organização Mundial da Saúde com os códigos CID-10 M79,7 e MG30.01, e em Portugal, pela Direção Geral da Saúde em 2003 através da Circular Informativa nº 27/DGCG de 03/06/2003.
Sendo uma patologia reconhecida e estando nós num país onde, na constituição, consta que o Sistema de Segurança Social e o Estado está incumbido de assegurar a proteção da saúde e em todas as outras situações de falta ou diminuição de meios de subsistência ou de capacidade para o trabalho, é impressionante como em 2021 isto ainda aconteça!
Acredito que estas situações persistem, pois, a FM ainda é pouco aceite pela sociedade médica em geral, apesar do seu reconhecimento.
Apesar de ser uma doença invisível, ela existe e condiciona imenso a vida destas pessoas, que querem ser membros ativos da sociedade independentemente da sua condição, mas precisam de ajuda de alguns meios para tal.
Tem sido uma dura e inglória batalha das associações nacionais para mudar este paradigma. É preciso união dos doentes e que profissionais de saúde, políticos e afins que acreditem nesta patologia se cheguem à frente e lutem lado a lado connosco.
O Dia da Fibromialgia é todos os dias para estas pessoas que tanto se esforçam diariamente (no meio de muito julgamento e incompreensão) para ter uma vida digna e com pouco sofrimento.
Junte-se a nós! Apoie esta causa!