Nefropatia diabética: doença renal atinge cerca de um terço dos diabéticos
A Diabetes mellitus é uma doença do metabolismo que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Resulta da incapacidade em utilizar corretamente o açúcar por falência da produção de insulina (no caso da Diabetes mellitus tipo 1) ou resistência a sua atuação (no caso da Diabetes mellitus tipo 2).
A forma mais comum (cerca de 90% dos casos) é a Diabetes tipo II, cuja incidência tem vindo a aumentar nos últimos anos. Atinge geralmente os adultos, sendo a idade e a etnia um fator de risco para o seu aparecimento. Apesar de existir um componente hereditário, o seu desenvolvimento está frequentemente associado a fatores de risco ambientais como os erros alimentares, o sedentarismo, a obesidade e o tabagismo.
Os doentes diabéticos têm dificuldade em processar o açúcar ingerido, que se vai lentamente acumulando nos vasos sanguíneos e em diversos órgãos levando a graves complicações. Existem órgãos que são especialmente afetados pela diabetes como os olhos (levando a cataratas e cegueira), o coração (conduzindo a hipertensão arterial e enfartes), os nervos (levando a perda de sensibilidade e amputações) e os rins.
Aproximadamente um terço dos doentes diabéticos vem a desenvolver doença renal e, atualmente, a diabetes é a principal causa de doença renal crónica e da necessidade de tratamento substitutivo da função renal (diálise ou transplantação).
A doença renal nos doentes diabéticos pode resultar diretamente da Diabetes (a chamada nefropatia diabética) ou ser causada (e agravada) por patologias associadas nomeadamente a hipertensão arterial, a aterosclerose ou a obesidade (denominando-se então doença renal crónica associada a diabetes).
A nefropatia diabética tem uma evolução lenta e faseada. Inicialmente é silenciosa mas posteriormente pode detetada em análises de urina ou em biopsias renais. A presença de proteínas na urina (geralmente referida como albuminúria) é um marcador da lesão renal e dependendo da sua quantidade assim poderemos avaliar a gravidade da doença. Esta é uma fase fundamental, já que o controlo rigoroso do nível do açúcar no sangue e a correção dos fatores de risco (redução do consumo de sal, perda de peso, controlo da pressão arterial e evicção tabágica) podem parar a progressão da doença renal e em muitos casos levar à sua reversão.
Sem tratamento a doença progride para uma fase sintomática em que os doentes podem notar a presença de espuma na urina e edemas. A progressão para doença renal crónica avançada é então inevitável podendo surgir sintomas como o cansaço, a falta de ar, a perda de apetite ou mesmo náuseas e vómitos, indicativos da necessidade de início de uma técnica de substituição da função renal.
A esperança de vida de um doente diabético com doença renal é reduzida já que a maioria dos doentes vem a falecer de complicações cardiovasculares (como os enfartes, insuficiência cardíaca; os acidentes vasculares cerebrais; as amputações) antes mesmo de necessitar de diálise ou ser candidato a transplantação.
Caso sofra de diabetes ou tenha familiares diretos afetados por esta patologia, deve seguir um estilo de vida saudável e consultar regularmente o seu médico de modo a fazer um diagnóstico precoce e um plano de tratamentos dirigido evitando assim graves complicações.