Narcolepsia: que doença é esta?
O que é a Narcolepsia?
A narcolepsia é frequentemente classificada em dois tipos principais:
Narcolepsia Tipo 1 (anteriormente chamada de narcolepsia com cataplexia): caracteriza-se pela presença de sonolência diurna excessiva e cataplexia, que é a perda súbita de controle muscular.
Narcolepsia Tipo 2 (narcolepsia sem cataplexia): também envolve sonolência diurna excessiva, mas sem a presença de episódios de cataplexia.
Acredita-se que a narcolepsia tipo 1 esteja associada à perda de neurónios que produzem hipocretina, um neuropeptídeo responsável pela regulação dos ciclos de sono e vigília. A hipocretina é essencial para manter a pessoa acordada e para evitar o sono REM (movimento rápido dos olhos) durante as horas de vigília.
Sintomas
Os sintomas da narcolepsia podem variar de pessoa para pessoa, mas os mais comuns incluem:
- Sonolência Excessiva Diurna: Este é o sintoma mais frequente e pode manifestar-se através de uma necessidade irresistível de dormir durante o dia, mesmo após uma noite de sono adequado.
- Cataplexia: Perda súbita de tónus muscular provocada por emoções fortes, como riso, raiva ou excitação. As pessoas podem experimentar quedas súbitas ou fraqueza, que podem ser leves (apenas no rosto) ou graves (afetando todo o corpo).
- Paralisia do Sono: Incapacidade temporária de se mover ou falar ao adormecer ou ao acordar, que pode ser assustadora, embora geralmente dure apenas alguns segundos ou minutos.
- Alucinações Hipnagógicas ou Hipnopompicas: Experiências vividas, frequentemente aterrorizantes, que ocorrem durante a transição entre o sono e a vigília. Estas podem ser visuais, auditivas ou táteis.
- Sono Fragmentado: Muitas pessoas com narcolepsia têm dificuldade em manter o sono noturno contínuo, acordando várias vezes durante a noite.
Fatores de Risco
Embora as causas exatas da narcolepsia não sejam totalmente compreendidas, alguns fatores de risco conhecidos incluem:
- Genética: A presença de certos genes, como o HLA-DQB1*06:02, está associada a um maior risco de desenvolver narcolepsia, especialmente o tipo 1.
- Histórico Familiar: Indivíduos com familiares que sofrem de narcolepsia têm maior probabilidade de desenvolver a doença.
- Infeções: Alguns estudos sugerem que infeções virais, como a gripe H1N1 ou infeções bacterianas, podem desencadear a narcolepsia em pessoas geneticamente predispostas.
- Autoimunidade: A narcolepsia pode ser um distúrbio autoimune, no qual o sistema imunitário ataca os neurónios produtores de hipocretina no cérebro.
Complicações
Se não for tratada, a narcolepsia pode causar várias complicações:
- A sonolência excessiva pode dificultar o desempenho no trabalho ou na escola, levando a problemas de concentração, produtividade e até absentismo.
- Devido aos episódios súbitos de sono e à sonolência excessiva, pessoas com narcolepsia têm maior risco de acidentes, especialmente ao conduzir ou operar máquinas.
- A narcolepsia pode levar à depressão, ansiedade e isolamento social devido às limitações que impõe ao estilo de vida.
- A doença também está associada a um aumento do risco de obesidade, possivelmente devido a alterações no metabolismo e nos hábitos alimentares relacionados com os padrões de sono.
Tratamento
Embora a narcolepsia não tenha cura, os tratamentos podem ajudar a gerir os sintomas e melhorar a qualidade de vida. As opções de tratamento incluem:
- Medicação: O tratamento farmacológico é uma componente importante no controlo da narcolepsia. Medicamentos estimulantes podem ajudar a reduzir a sonolência diurna. Em alguns casos, antidepressivos tricíclicos ou inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) são usados para controlar a cataplexia e a paralisia do sono.
- Mudanças no Estilo de Vida: Adotar hábitos saudáveis de sono, como manter horários regulares para dormir e acordar, pode ajudar a regular os padrões de sono. Sestas curtas durante o dia também podem ser benéficas para reduzir a sonolência.
- Terapia Comportamental: Algumas pessoas beneficiam de intervenções psicológicas, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC), para lidar com as consequências emocionais da narcolepsia, como a ansiedade e a depressão.
- Acompanhamento Médico Regular: O acompanhamento contínuo com um especialista em sono é essencial para ajustar o tratamento e monitorizar os sintomas.
Fontes:
Associação Portuguesa do Sono. (2023). Distúrbios do Sono - Narcolepsia. https://apsono.com/files/Narcolepsia.pdf
Orphanet. Narcolepsia tipo 1. https://www.orpha.net/pt/disease/detail/2073
Centro Hospitalar Medio Ave. Nacrolepsia. https://www.chma.pt/portal/images/docs/guias/INF.CHMA.076.v1.pdf
CUF. Narcolepsia: o que é, sintomas e tratamento. https://www.cuf.pt/saude-a-z/narcolepsia