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Na descoberta de uma microbiota saudável

Atualizado: 
25/04/2020 - 08:38
O conjunto de micro-organismos bacterianos presentes no organismo, designado microbiota, é “essencial para a saúde, atuando ao nível da nutrição e da digestão, produção de vitaminas e outros componentes essenciais, educação do sistema imune, como barreira protetora contra organismos patogénicos, e ainda no desenvolvimento de alguns órgãos e no comportamento/ritmo circadiano”, revela Karina Xavier, investigadora do Instituto Gulbenkian de Ciência.

Em 2013, a prestigiada revista Science considerou como um “Breakthrough of the Year” o facto de os estudos nesta área revelarem que os triliões de bactérias que vivem no interior do corpo humano desempenham um papel crucial na determinação do modo como o organismo responde a desafios tão diferentes como má nutrição e cancro.

Estes progressos na compreensão do papel da microbiota na saúde humana foram possíveis devido, em parte, a avanços recentes na tecnologia de sequenciação que permitiram o uso do gene 16s rRNA como método fácil e eficiente para identificar as bactérias presentes nos vários órgãos do corpo humano. “Trata-se de um gene ribossómico presente exclusivamente em archaea e bactérias, que permitiu classificar filogeneticamente as bactérias através da metodologia do relógio molecular”, explicou Karina Xavier.

Sabe-se que os antibióticos causam alterações na composição da microbiota e que o tratamento prolongado com estreptomicina provoca o desaparecimento de muitas bactérias.

Uma microbiota saudável pode ser recuperada ou ver repostas as suas funções através de um transplante fecal, com a introdução de micróbios das fezes de dadores “saudáveis”. O que se procura é a reprogramação de microbiota doente (ex. de aplicações – tratamento contra infeções com Clostridium difficile).

Também se pode atingir esse objetivo com a utilização de probióticos – suplemento de espécies específicas de micróbios (ex. Lactobacillus, Bifidobacteria).

Pretende-se a reposição de funções específicas da microbiota, com a produção de agentes antimicrobianos e fatores bacterianos que ativam o sistema imune e a promoção da competição direta com potenciais patogénicos.

Com os prebióticos – complementos químicos (ex. fibras dietéticas) – conseguir-se-á a promoção do crescimento de bactérias específicas. “Através de engenharia bacteriana e manipulação da expressão genética, também é possível recuperar uma microbiota saudável”, afirmou a investigadora, “como demonstrado no estudo que publicámos, em 2015, na Cell Reports”.

Fonte: 
Jaba Recordati
Nota: 
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Foto: 
Pixabay e Jaba Recordati