Gastrenterologia

Mitos sobre a Saúde intestinal

Atualizado: 
01/02/2022 - 15:35
A saúde intestinal é um campo de investigação complexo e em constante evolução. É cada vez mais evidente que a saúde do intestino pode ter um impacto muito mais amplo no corpo, mas o foco nos probióticos e produtos especializados em melhorar o funcionamento intestinal resultaram no aumento da desinformação e confusão. Os probióticos podem ser benéficos para determinados problemas de saúde, no entanto mudanças na alimentação e no estilo de vida também podem fazer uma grande diferença.

Confira alguns dos mitos mais persistentes sobre a saúde intestinal e as dicas sobre o que realmente funciona.

Mito 1: A solução é tomar probióticos

Antes de iniciar a toma de um probiótico é necessário averiguar se este irá de facto resultar em algum benefício. Deve consultar um gastroenterologista, pois nalgumas condições poderá agravar a sintomatologia.

É pouco provável que recorrer a qualquer probiótico seja a solução mágica. É também importante referir que a toma de um probiótico sem a correta alimentação dificilmente irá regular o microbioma intestinal e surtir os efeitos desejados.

Outra questão relevante em relação aos probióticos são as estirpes dos mesmos, sendo que os efeitos benéficos de uma dada estirpe não podem ser atribuídos a outra. Como tal dependendo do objetivo terapêutico, a recomendação do probiótico irá depender de acordo com as suas estirpes.

Mito 2: Cortar algum grupo alimentar é a resposta

Deve sempre consultar um especialista antes de eliminar algum grupo alimentar, pois poderá estar a eliminá-lo sem justificação e poderá estar a afetar o microbioma intestinal e a causar alguma deficiência de algum nutriente.

No caso de necessitar de eliminar algum alimento, deve fazê-lo com acompanhamento, de modo a fazê-lo da forma mais equilibrada e substituindo-o por opções saudáveis. Um exemplo de eliminação bastante comum é o glúten, muitas pessoas eliminam-no e acabam por substituí-lo por opções menos saudáveis e muito processadas que acabam por prejudicar o intestino. É importante ter orientação quando se faz uma dieta de eliminação.

Mito 3: É necessário ingerir produtos especializados para melhorar a saúde intestinal

Apesar de atualmente existirem em abundância novos produtos e suplementos alimentares que mencionam ser benéficos para o intestino, a solução mais simples e económica é uma alimentação à base de plantas. Os especialistas afirmam que o melhor que se pode fazer pela saúde geral do intestino é uma alimentação saudável e equilibrada, que deve incluir uma variedade de frutas, legumes e leguminosas.

Alimentos benéficos para a saúde intestinal:

  • Alimentos prebióticos, como cebola, alho e alho-francês, ajudam as boas bactérias do intestino a prosperar
  • Fibras de frutas, vegetais e grãos integrais ajudam na digestão e estimulam os movimentos intestinais saudáveis
  • Alimentos probióticos, como os iogurtes e alimentos fermentados, incluem estirpes de boas bactérias semelhantes às do intestino

Mito 4: Para prevenir o cancro basta fazer os exames de Endoscopia e Colonoscopia

Apesar da realização dos exames endoscópicos ser muito importante para detetar e evitar a progressão do cancro, a verdadeira prevenção primária é feita através do estilo de vida. A dieta deve ser rica em fibras que se encontram na fruta, legumes e saladas e deve-se evitar o consumo de álcool, alimentos fritos ou queimados, enchidos e hábitos tabágicos.

Mito 5: Mudar a dieta ou tomar probióticos produzirá resultados imediatos

O tempo necessário para observar melhorias irá depender da causa do problema intestinal em si, sendo que poderá variar entre 2 semanas a 3 meses. É importante ter conhecimento que recuperar a saúde intestinal muitas vezes é um processo lento, no entanto só com consistência se irá melhorar o microbioma intestinal, diminuir a inflamação e recuperar o equilíbrio intestinal. 

Autor: 
Dra. Rita Soares - Nutricionista na Gastroclinic
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
Pixabay