Controlar os sintomas

Menopausa: as terapêuticas hormonais e não hormonais

Atualizado: 
21/02/2024 - 06:06
A menopausa (o fim dos ciclos menstruais) pode produzir sintomas como afrontamentos, transpiração noturna, insónia e mudanças de humor. No entanto, existem várias opções de tratamento para que estes sintomas possam ser controlados. Neste artigo falamos de terapias ou terapêuticas hormonais e não hormonais.

Afetando a qualidade de vida e a até a produtividade das mulheres no trabalho, os sintomas da menopausa resultam, fundamentalmente, da carência de estrogénios que se manifesta em diversos órgãos e sistemas.

Embora se trate de um processo natural, associado à idade, existem fatores que podem influenciar o aparecimento da menopausa mais precocemente, tais como: o tabagismo, a ausência de gravidezes, a exposição a químicos tóxicos, os antidepressivos ou epilepsia.

A sintomatologia associada à menopausa pode desaparecer por si só, em algumas mulheres, ou são tão sutis que não é necessário qualquer tipo de tratamento. No entanto, para muitas estes trazem um grande impacto nas suas vidas.

Controlar os sintomas

Terapia de reposição hormonal

Para as mulheres com útero, a terapia hormonal tipicamente inclui o estrogénio mais um medicamento com progesterona para diminuir o risco o cancro do endométrio, explica Jewel Kling, diretora da divisão de Saúde da Mulher na Mayo Clinic em Scottsdale, Arizona. De acordo com as diretrizes recentes da North American Menopause Society, “para mulheres com menos de 60 anos ou no período de 10 anos após a última menstruação, o benefício da terapia hormonal supera o risco em mulheres saudáveis com sintomas pós-menopausa”.

“Muitos fatores afetam a decisão de uma mulher de recorre à terapêutica de reposição hormonal. Os fatores comuns a serem considerados incluem idade, saúde subjacente, gravidade dos sintomas, preferências, opções disponíveis para tratamento e, é claro, os custos envolvidos. Uma consideração importante é se os potenciais benefícios superam os potenciais riscos”, esclarece.

Entre os benefícios:

  • Muitos estudos demonstram que a terapia hormonal sistémica (como pílula, adesivo, gel ou spray) ajuda com os afrontamentos, transpiração noturna e sintomas relacionados com a atrofia da mucosa vaginal.  Também há uma forte evidência de que o tratamento a longo prazo com a terapia estrogénica ou terapia estrogénica mais progesterona reduz o risco de fraturas depois da menopausa.

“Juntamente com esses benefícios, ocorre, com frequência, a melhora dos sintomas relacionados à menopausa, inclusive os sintomas mais incómodos, como os distúrbios do sono, problemas de humor e diminuição da satisfação sexual,” afirma a especialista. “Tratar esses sintomas pode levar a uma melhor qualidade de vida.”

Entre os riscos:

  • Com a terapia estrogénica sistémica oral ou com a terapia estrogénica mais progesterona, os riscos incluem a formação de coágulos sanguíneos nas pernas e pulmões e AVC. “O AVC depende da idade na qual a mulher começa a terapia hormonal. Especificamente, os riscos são baixos para mulheres com menos de 60 anos ou no período de 10 anos após a última menstruação,” afirma a médica. “Não parece haver os mesmos riscos associados com os produtos transdérmicos estrogénicos, como adesivos, particularmente quando usamos dosagens mais baixas.”
  • O uso somente de estrogénio por mulheres que têm útero representa um risco de desenvolvimento de cancro uterino. Esse risco pode ser atenuado com a inclusão de progesterona ou um modulador seletivo do recetor de estrogénio, também conhecido como combinação SERM (modulador seletivo de recetor de estrogénio).
  • O risco associado ao cancro de mama também deve ser considerado e aparenta ser ligeiramente superior, particularmente em mulheres com útero que usam estrogénio mais progesterona.

“Entretanto, de um modo geral, os riscos de eventos sérios com a terapia hormonal são raros,” afirma a especialista. “Para as mulheres apenas com sintomas vaginais, uma dosagem baixa de estrogénio pode ser usada. Uma baixa dosagem de estrogénio vaginal não apresenta os mesmos riscos que a terapia sistémica porque o corpo absorve muito pouco.”

A terapia hormonal geralmente não é uma opção para as mulheres com cancro de mama, outros cancros hormonais ou problemas de coágulos sanguíneos. Por outro lado, há mulheres que simplesmente desejam evitar a terapia hormonal.

A escolha da ou das hormonas, a forma de administração e o tempo do tratamento, devem ser determinados pelo médico, de forma individualizada e de acordo com o perfil de cada mulher.

Segundo a especialista da Mayo Clinic há muitas terapias não hormonais, variando desde técnicas para a mente e o corpo até medicação que pode trazer alívio com pouco ou nenhum efeito colateral.

Terapias não hormonais

  • Há algumas evidências que indicam que a perda de peso pode reduzir os afrontamentos e a transpiração noturna.
  • Entre as medicações, a paroxetina em baixa dosagem vem demonstrando ser útil para algumas mulheres com afrontamentos. Em baixas dosagens, ela não aparenta causar ganho de peso ou ter efeitos sexuais adversos.
  • Em alguns casos, antidepressivos podem ser adequados, devendo os seus benefícios e riscos serem analisados pelo médico assistente.
  • A técnicas para a mente e o corpo incluem terapia comportamental cognitiva e hipnose clínica, sendo que ambas as técnicas dependem da orientação de um especialista para que sejam bem-sucedidas. Algumas mulheres encontraram alívio na acupuntura, ioga e meditação.

“Há muitas maneiras de ajudar as mulheres a lidar com o desconforto e a perda da qualidade de vida associados com a menopausa,” afirma Jewel Kling. “As mulheres não precisam passar pela menopausa e ter a sensação de que é o fim do mundo”, sublinha.

Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Fonte: 
CUF; Mayo Clinic
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
Freepik