Melanoma

A memória da nossa pele

Atualizado: 
12/06/2020 - 10:48
A 13 de junho é comemorado o Dia Mundial do Cancro de Pele. Mesmo a chegar o verão é uma data ideal para nos lembrarmos a nós e àqueles que nos rodeiam da importância de nos protegermos do sol para evitar esta doença. A nossa pele tem memória e longas exposições durante a infância podem ter consequências na idade adulta.

O estudo constante das doenças oncológicas da pele mostrou-nos como, além de ter um importante componente genético, os melanomas geralmente aparecem naquelas pessoas de pele clara que sofreram queimaduras solares na infância ou adolescência. De facto, observa-se que a maioria dos cancros de pele estão relacionados com a exposição excessiva aos raios UV do sol e que o risco de ocorrência é proporcional ao número, frequência e intensidade dos raios solares recebidos em tenra idade.

É por isso que devemos, por um lado, proteger os nossos filhos, evitando a exposição direta e constante da sua pele à luz solar e aplicando cremes de proteção de fator 50 ou superior, em qualquer época do ano. Dessa forma, evitaremos queimaduras irritantes e reduziremos o risco de cancro de pele no futuro.

Por outro lado, todas as pessoas conscientes de terem sofrido as consequências da superexposição e da baixa proteção contra raios ultravioleta (UVA e UVB, incluindo aqueles que provêm de fontes artificiais) ao longo da vida devem estar muito conscientes da sua saúde dermatológica. Especialmente aqueles com pele branca, mais sensíveis a esses efeitos, e observando com maior interesse as áreas com manchas suspeitas ou manchas de cores diferentes que podem até descascar e sangrar.

As crostas, nódulos arredondados e proeminentes e úlceras espontâneas que não cicatrizam também nos podem alertar, principalmente se forem assimétricos, com bordas irregulares e diâmetro superior a seis milímetros. Se forem detetados, é melhor procurar o dermatologista o mais rápido possível, pois o diagnóstico precoce é, provavelmente, o aliado mais eficaz contra o cancro de pele, uma vez que apareça.

Cuidados para os mais pequenos

Como dissemos, é importante proteger a pele dos nossos filhos dos raios ultravioleta sem negar-lhes a luz do sol, muito benéfica para o crescimento dos seus ossos. As maiores precauções devem ser tomadas com bebés, que têm pele muito fina e cuja melanina (o pigmento que protege a nossa derme do sol) é subdesenvolvida. Até aos 6 meses, a exposição é totalmente desencorajada, assim como o uso de cremes protetores solares que não são específicos para bebés. Se não houver como evitá-lo, é melhor cobrir a pele com roupas e escurecer a área onde o bebé se encontra.

Se olharmos para as crianças um pouco mais velhas, aquelas que precisam de mais proteção são aquelas com pele mais clara (e menos melanina para se protegerem do sol). No entanto, crianças de pele escura também podem sofrer queimaduras dolorosas com consequências a longo prazo. Ou seja, todas as crianças, sem exceção, devem aplicar cremes protetores solares com fator elevado.

E não apenas uma vez, mas repetidamente ao longo do tempo em que ficarão com a pele exposta ao sol, tentando evitar as horas mais críticas do dia, entre as 12h e as 16h. Devemos escolher um creme que proteja contra os raios UVA e UVB e seja à prova de água, para que seja útil para nós em praias, piscinas ou similares. Embora não possamos esquecer de que o creme protetor também deve ser aplicado mesmo que as crianças estejam a brincar debaixo de uma sombra.

Os idosos não devem ser deixados para trás e devem proteger-se da mesma maneira, com cremes foto protetores de fatores elevados e deixando de lado a moda de dourar a pele. Não apenas para dar um exemplo para os pequenos, mas também para evitar a radiação do sol, capaz de produzir mutações no material genético das células que compõem a nossa derme.

Se seguirmos conscientemente estas instruções, tanto neste verão quanto nos próximos, reduziremos o risco de cancro de pele. Uma doença de amplo espectro que nem sempre pode ser combatida de maneira simples e cujo tratamento envolve cirurgias e terapias imunológicas, incluindo quimioterapias e radioterapias. Evitá-lo está praticamente nas nossas mãos.

Autor: 
Adriana Terrádez - diretora da OncoDNA em Espanha
Portugal e América Latina
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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