Cancro de pele

Melanoma: desmistificar e reforçar a importância do diagnóstico precoce

Atualizado: 
05/04/2024 - 19:09
Não, não é verdade que apenas as pessoas de pele clara podem ter melanoma maligno ou que o bronzeamento artificial é seguro e que o uso de protetor solar impede a produção de vitamina D. Estes são alguns dos principais mitos associados ao cancro de pele que a Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia diz que têm de ser esclarecidos, alertando para a importância do diagnóstico precoce.

Em Portugal, estima-se que sejam diagnosticados, anualmente, cerca mil novos casos de melanoma. Um tipo de cancro de pele que, embora não seja o mais frequente, é o mais agressivo. 

Segundo Maria Goreti Catorze, médica dermatologista e Secretária-geral da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia (SPD),  "o melanoma é temido devido à sua capacidade de se espalhar para outras partes do corpo, tornando-o potencialmente letal se não for diagnosticado e tratado atempadamente". Por isso, torna-se imperioso estar atento a toda e qualquer alteração na sua pele: "Há uma regra básica do A, B, C, D, E (assimetria, bordo irregular, coloração heterogénea, diâmetro superior a 6 mm e evolução/elevação). Mas, o mais seguro é consultar um dermatologista em caso de dúvida porque estas regras podem falhar". A dermatologista alerta ainda que, além de estarmos atentos aos sinais que já existem, devemos ter atenção "ao aparecimento de novos sinais".

De acordo com a especialista, o diagnóstico do melanoma maligno "é feito através de exame clínico da pele por vezes com recurso a exames complementares de diagnóstico como a dermatoscopia. A confirmação diagnóstica resulta sempre do exame histopatológico (vulgarmente designado por biópsia)". 

E quanto mais cedo este diagnóstico for feito, melhor. Já que o tratamento atempado e adequado ajuda a  "melhorar os resultados e a sobrevida dos pacientes com melanoma". "O diagnóstico precoce é crucial para um tratamento eficaz", reforça. 

Outro aspeto a salientar é que os melanomas não são todos iguais. "Os melanomas malignos podem ter comportamentos biológicos diferentes e gaus de invasão distintos", afirma a dermatologista. "No diz respeito ao grau de invasão e à evolução podem ser classificados em melanoma maligno in situ, localizado na camada mais superficial da pele que se denomina epiderme, melanoma maligno invasivo, que penetra nas camadas mais profundas da pele abaixo da epiderme e melanoma melanoma metastático, que se estendeu a outras partes do corpo tais como os gânglios linfáticos ou os órgãos profundos", explica a médica dermatologista.

Todos estes aspetos são essenciais para a definição do seu tratamento. "As opções terapêuticas para o tratamento do melanoma maligno são em primeiro lugar a excisão cirúrgica do tumor; em seguida a excisão duma margem de pele sã à volta da cicatriz a que chamamos margem de segurança; a largura desta margem depende da espessura do melanoma; por fim tratamentos sistémicos como imunoterapia e a terapia alvo". Segundo Maria Goreti Catorze, "tem-se assitido nos últimos anos a um avanço considerável nesta área". 

A par do melanoma, a médica dermatologista destaca ainda a importância de reconhecer que há outros tipos de cancro de pele que devemos conhecer. "Além do melanoma, há outros tipos de cancro da pele nos quais se incluem o carcinoma basocelular, o carcinoma espinocelular e outros de menos frequentes". 

"Os dois que destaquei têm em comum com o melanoma maligno o facto de terem como factor de risco a exposição solar. Além disso são mais prevalentes que o melanoma maligno. Mas, clinicamente são bastante diferentes. Não se parecem com sinais da pele. Podem aparecer sobre escamas ou crostas nas áreas fotoexpostas, podem abir pequenas feridas na pele, que ora cicatrizam ora re-abrem", esclarece. 

Em matéria de prevenção, a especialista recorda algumas regras essenciais para prevenir ou reduzir o risco de aparecimento destes tipos de cancro:

  • Evitar exposição solar nas horas de maior intensidade de RUV.
  • Usar chapéu, óculos escuros…
  • Usar proteçao solar FPS > 30.
  • Aplicar protetor 15-30 minutos antes de exposição solar, reaplicar de 2 em 2 horas.
  • Evitar solários.
  • Recomendar uso de auto-bronzeadores com dihidroxiacetona em pessoas que insistem em ter pele bronzeada.
  • Ter particular cuidado com as crianças.

"Além disso, uma dieta saudável e variada rica em antioxidantes e vitaminas pode ajudar na fotoproteção interna e consequentemente na diminuição do dano actínico", acrescenta. 

No que diz respeito aos principais mitos associados e já enumerados, a médica dermatologista e Secretária-geral da SPDV refere que "é importante esclarecer que pessoas com todos os tons de pele podem ter melanoma maligno embora obviamente numa probabilidade diferente, com subtipos clínicos diferentes. O bronzeamento artificial aumenta o risco de contrair cancro da pele porque as cabines emitem radiação ultravioleta numa quantidade que é impossível de contabilizar. Quanto à vitamina D, esta pode ser obtida através de outras fontes, como a dieta e suplementos". 

 
Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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