Tratamento ideal e personalizado

Medicina de precisão para o cancro do pulmão

Atualizado: 
18/11/2020 - 15:54
O dia 17 de novembro marca o Dia Mundial do Não Fumador, um dia muito importante dado estar ligado ao cancro do pulmão, um dos tumores de maior incidência e com as maiores taxas de mortalidade do mundo. Em 2018, foram registados quase 2,1 milhões de novos casos, segundo dados do Global Cancer Observatory (Globocan). Valor que este ano poderá ser reduzido, levando em consideração os acontecimentos que estamos a vivenciar.

Embora ainda seja muito cedo para dar um número concreto, para este ano o número de novos diagnósticos deve diminuir. Algo que, infelizmente, não será devido a uma melhoria na saúde da população, mas sim ao grande número de testes que o COVID-19 desacelerou ao longo de 2020.

Esta situação preocupa muito os oncologistas, que já há algum tempo nos alertam sobre as consequências que esta situação excecional pode trazer. Tanto no cancro do pulmão quanto noutros tipos. Já se está a perceber que atrasos no diagnóstico e nas cirurgias estão a resultar no aumento da deteção de casos em estadio avançado e com pior prognóstico.

Portanto, este ano é mais importante do que nunca comemorar esta data para lembrar a população da importância de rever e monitorizar a sua saúde. Mas também para destacar o trabalho constante de investigadores e especialistas em saúde especializados neste tipo de cancro, um trabalho que está a resultar em grandes avanços.

Um exemplo disso é toda a nova era da oncologia de precisão, com o estudo e deteção de biomarcadores que abrem um novo caminho para tratamentos direcionados capazes de modificar drasticamente a resposta e a evolução da doença. A imunoterapia também é outro grande avanço no tratamento do cancro, que visa, sobretudo, estimular as defesas do doente contra a doença.

E para que o seu resultado seja ainda mais eficaz, é necessária a implantação de ferramentas diagnósticas precisas e preditivas na prática clínica diária. Por exemplo, imunogramas e análises genómicas em biópsia sólida (amostra de tecido) ou biópsia líquida (sangue). Esta última, pouco invasiva, tornou-se uma técnica de grande utilidade pela vasta informação que oferece aos especialistas sobre a evolução de um tumor e suas alterações genéticas. Por meio dessas análises/estudos, é mais fácil para o oncologista encontrar a terapia mais eficaz para cada um de seus doentes. Um tratamento personalizado baseado nas características do seu tumor.

Por outras palavras, quem sofre de cancro do pulmão pode aproveitar os benefícios da genómica e da medicina de precisão para encontrar um tratamento ideal e personalizado. Atualmente, são conhecidas mais de uma dezena de mutações genéticas associadas ao cancro do pulmão que regulam processos determinantes como a proliferação e sobrevivência de células tumorais, decisivas no desenvolvimento da doença.

Ao detetar essas alterações, a sensibilidade e eficácia de novos tratamentos direcionados que atacam diretamente as células tumorais também podem ser previstas. Assim, o doente é tratado com medicamentos que produzem menos efeitos secundários, melhorando a sua qualidade de vida.

Em todo caso, não podemos esquecer que o melhor remédio contra o cancro do pulmão ainda é a prevenção. Tabaco, poluição ou exposição a certos componentes químicos, por um lado, são fatores que aumentam o risco de sofrer deste problema oncológico. Por isso, é também importante ter um estilo de vida saudável que, por outro lado, pode ajudar-nos a evitar muitas outras doenças graves. A tudo isso devem ser somados os check-ups periódicos, principalmente quando aparecem dificuldades respiratórias, pois a deteção precoce pode ajudar o doente a ter uma evolução com sucesso.

Autor: 
Adriana Terrádez – diretora da OncoDNA para Espanha
Portugal e América Latina
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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