Diagnóstico

Mamografia: saiba por que deve fazer

Atualizado: 
07/08/2020 - 11:00
O cancro da mama é o mais frequente na mulher e a sua incidência continua a aumentar, apesar da mortalidade estar a decrescer em resultado da implementação dos programas de rastreio e dos avanços terapêuticos. Neste artigo, o vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Senologia, José Carlos Marques, mostra-lhe por que a mamografia é melhor exame para o diagnóstico precoce da doença.
Técnica ajuda mulher a fazer mamografia

Atualmente cerca de 1 em cada 7 mulheres vai ter cancro da mama ao longo da vida (dados do cancer research UK) e representa uma das principais causas de morte por cancro nas mulheres.

Há fatores de risco não modificáveis como o sexo, idade, história familiar, idade da menarca e da menopausa, mas também existem fatores de risco modificáveis e que podem ajudar a reduzir a incidência do cancro e sendo os mais importantes a obesidade e o álcool.

O diagnóstico precoce é um elemento primordial no combate a esta doença. Quanto mais cedo for detetado maior a possibilidade de cura e de tratamentos mais conservadores e menos agressivos.

Hoje sabemos que há vários subtipos de cancro com agressividade e prognósticos distintos, requerendo também tratamentos distintos. Mas, para todos os subtipos, a fase em que se encontra o cancro no momento do diagnóstico é muito importante, com impacto nas formas de tratamento, na qualidade de vida e na sobrevivência.

O melhor exame para o diagnóstico precoce do cancro da mama é a mamografia e há 5 motivos para se fazer uma mamografia:

  1. É o único exame recomendado no rastreio de cancro da mama.
  2. Pode detetar cancros da mama iniciais, antes que produzam sintomas   
  3. Os cancros detetados numa mamografia têm melhor prognóstico do que os detetados por um nódulo palpável ou por outros sintomas
  4. Os cancros iniciais detetados numa mamografia permitem tratamentos menos agressivos
  5. A mamografia permite avaliar a necessidade de outros exames complementares

A mamografia moderna, totalmente digital, emite uma dose muito baixa de radiação, com um risco mínimo para a saúde decorrente da sua utilização e largamente superado pelo benefício da deteção precoce do cancro.

Todas as mulheres a partir dos 30 anos, em conjunto com os seus médicos assistentes, devem fazer uma avaliação do seu risco individual, com base na história familiar, nos antecedentes pessoais e outros fatores de risco de modo a estabelecer um plano de vigilância individualizado.

Quando não existem fatores de risco a mamografia é recomendada a partir dos 40 anos. Permite confirmar o padrão de densidade mamária, que por si só é um importante fator de risco e em conjunto com a restante informação clínica definir um plano de vigilância personalizado.

Este rastreio individualizado, consiste na realização em simultâneo e pelo mesmo médico radiologista de um exame clínico, da mamografia e frequentemente complementada por ecografia, sendo também conhecida por mamografia diagnóstica. 

Em oposição, o rastreio de base populacional, consiste apenas na realização de mamografia, com uma metodologia própria, sendo em Portugal realizado pela LPCC e dirigido às mulheres dos 50 aos 69 anos e de 2 em 2 anos. A leitura das mamografias no rastreio populacional é centralizada, sendo lidas por 2 radiologistas de forma independente, com decisão por consenso das discordâncias e com aferição diagnóstica dos exames positivos e só tendo encaminhamento hospitalar as que necessitarem de tratamento.

De acordo com as novas orientações da comissão europeia sobre rastreio e diagnóstico de cancro da mama, publicados muito recentemente, o rastreio populacional é fortemente recomendado a todas as mulheres entre os 50 e os 70 anos, tal como já é a prática em quase toda a Europa, mas agora vai mais longe, ao reconhecer que existe evidência para aconselhar o seu alargamento aos grupos etários 45-49 anos e 70-74 anos.

A evolução mais recente da mamografia, conhecida por tomossíntese ou mamografia 3D, consegue com a mesma dose de radiação, fornecer muito mais informação e aumentar a taxa de deteção de cancros iniciais. Em vez de 2 imagens por mama como sucede com a mamografia, com a tomossíntese obtemos múltiplas imagens de 1mm de espessura, eliminando a sobreposição dos tecidos e aumentando o detalhe. É a tecnologia cada vez mais utilizada em diagnóstico, a recomendada na aferição diagnóstica das mamografias de rastreio e o futuro da mamografia.

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Autor: 
Dr. José Carlos Marques - Radiologista e vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Senologia
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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