Especialista da Mayo Clinic esclarece

A ligação entre a diabetes e a doença cardíaca

Atualizado: 
31/03/2022 - 15:15
O número de pessoas com diabetes está a aumentar em todo o mundo e, com ele, um maior risco de desenvolver doenças cardíacas. Gosia Wamil, cardiologista da Mayo Clinic Healthcare em Londres, explica a ligação entre estas duas doenças crónicas graves.

As pessoas com diabetes tipo 2 têm até quatro vezes mais probabilidades de morrer de problemas cardiovasculares do que a população em geral, levando os médicos a reconhecer a necessidade de reduzir o risco de doenças cardíacas em pessoas com diabetes, em vez de apenas controlar os seus níveis de glicose ou açúcar no sangue, diz a especialista.

"Mudanças de vida positivas como deixar de fumar, perder peso, praticar mais exercício físico, ter uma dieta saudável e controlar a pressão arterial pode contribuir para uma melhor saúde do coração", diz Gosia Wamil. "Estudos demonstraram que, ao termos um bom controlo sobre estes fatores de risco cardiovascular, não só melhoramos significativamente a qualidade de vida, como, mais importante ainda, prolongamos oito anos, em médica, a vida de pessoas com diabetes”.

A doença cardíaca e a diabetes são doenças crónicas que na maioria dos casos não podem ser curadas. "A diabetes pode danificar os vasos sanguíneos e tornar o músculo cardíaco mais rígido, o que eventualmente leva a problemas como a retenção de líquidos e insuficiência cardíaca", diz a cardiologista. As pessoas com diabetes também têm um maior risco de doença sanguínea coronária acelerada e ataques cardíacos, acrescenta.

Devido aos danos nos nervos causados pela diabetes, os pacientes podem não sentir dores no peito ou outros desconfortos que podem sinalizar algo de errado com o coração, por isso a doença cardíaca pode não ser detetada até que esteja num estágio adiantado e com menos opções de tratamento disponíveis, diz Gosia Wamil.

"Os recentes desenvolvimentos em técnicas de imagem cardíaca, como a ecocardiografia avançada, a TC cardíaca e a ressonância cardíaca trazem esperança de que seremos capazes de detetar precocemente a doença cardíaca diabética e prevenir as suas graves consequências", refere. 

A especialista usa imagens médicas avançadas para estudar porque é que os corações das pessoas com diabetes sofrem danos mais extensos após ataques cardíacos e porque é que aqueles com diabetes desenvolvem insuficiência cardíaca mais frequentemente do que pessoas com controlo normal de glicose. A pesquisa de Gosia Wamil também envolve o uso de grandes quantidades de dados e inteligência artificial para identificar subgrupos de pessoas com diabetes que podem responder melhor a certos tratamentos.

"Há muitos subtipos de diabetes que respondem de forma diferente aos medicamentos", diz o Wamil. "Identificar os doentes que mais beneficiarão com os novos tratamentos possibilita que, no futuro, possamos oferecer planos terapêuticos verdadeiramente personalizados a pessoas com diabetes."

Ela nota que nos últimos anos, novas terapias antidiabéticas com benefícios cardíacos comprovados tornaram-se parte das diretrizes clínicas.

"Também recolhemos fortes evidências de que a perda de peso pode reverter a diabetes em alguns pacientes e que a redução da pressão arterial com medicamentos conhecidos como inibidores de ECA e bloqueadores dos receptores da angiotensina II pode reduzir o risco de desenvolver diabetes", diz a médica especialista. "Este é um momento emocionante na nossa área porque temos múltiplas opções terapêuticas e entendemos melhor como reduzir o risco de problemas cardíacos em pessoas com diabetes."

Fonte: 
Mayo Clinic
Nota: 
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