Entrevista

Leucemia Mieloide Crónica: “doença resulta de uma alteração genética adquirida”

Atualizado: 
26/09/2022 - 14:53
Em Portugal, estima-se que todos os anos surjam 1 a 1,5 novos casos de Leucemia Mieloide Crónica, por cada 100 mil habitantes – uma doença, por isso rara, que atinge sobretudo o sexo masculino a partir da 5ª e 6ª décadas de vida. Com a ajuda do Professor Doutor Manuel Abecasis, presidente da Associação Portuguesa Contra a Leucemia (APCL), ajudamos a saber um pouco mais sobre a patologia.

Considerada uma doença rara, representando 15% das leucemias diagnosticadas em adultos, os últimos dados mostram que os casos de Leucemia Mieloide Crónica têm vido a aumentar. Uma vez que se trata de um tipo de cancro no sangue pouco conhecido, peço-lhe que explique que doença é esta, quais as causas e em que década de vida é mais frequente?

A prevalência da LMC tem vindo a aumentar graças à extraordinária eficácia dos medicamentos inibidores da tirosina cinase (TKI), imatinib e sucedâneos. A incidência propriamente dita tem variado pouco nas últimas décadas. A doença resulta de uma alteração genética adquirida que conduz a uma proliferação excessiva dos glóbulos brancos.

Apesar dos sinais serem, frequentemente, impercetíveis, quais as suas manifestações clínicas e como é feito o seu diagnóstico?

Não é raro ser diagnosticada em análises de rotina. Por outro lado, sintomas como o cansaço fácil, suor exagerado, emagrecimento, sensação de desconforto abdominal podem surgir, embora não sejam específicos da doença.

Relativamente ao seu tratamento, se até há uns anos a esperança média de vida era relativamente curta, hoje em dia já é possível viver mais e melhor com a doença. Assim, pergunto: que opções terapêuticas existem para a tratar a Leucemia Mieloide Crónica e que inovações têm existido nesta área?

Como foi referido acima, a introdução no início do século XXI dos TKI veio revolucionar o tratamento e prognóstico da doença. No entanto, há uma pequena percentagem para a qual a transplantação de medula óssea continua a ser necessária.

Como evolui esta doença e que complicações lhe podem estar associadas?

Adequadamente tratada, com o apoio de um laboratório de biologia molecular que permite avaliar com grande rigor a resposta ao tratamento, é possível estabilizar a doença e, nalguns casos, parar o tratamento. As complicações atualmente são sobretudo iatrogénicas, associadas aos efeitos adversos dos TKI.

Quais as ideias-chave sobre este tema?

  • Diagnóstico deve ser confirmado com recurso a citogenética e biologia molecular
  • Doença tratável, por vezes curável com a medicação
  • Necessidade de tratamento e acompanhamento por um especialista na área, que tenha ao seu dispor os recursos laboratoriais indispensáveis à boa condução do tratamento.
Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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