Leucemia Mieloide Crónica: “doença resulta de uma alteração genética adquirida”
Considerada uma doença rara, representando 15% das leucemias diagnosticadas em adultos, os últimos dados mostram que os casos de Leucemia Mieloide Crónica têm vido a aumentar. Uma vez que se trata de um tipo de cancro no sangue pouco conhecido, peço-lhe que explique que doença é esta, quais as causas e em que década de vida é mais frequente?
A prevalência da LMC tem vindo a aumentar graças à extraordinária eficácia dos medicamentos inibidores da tirosina cinase (TKI), imatinib e sucedâneos. A incidência propriamente dita tem variado pouco nas últimas décadas. A doença resulta de uma alteração genética adquirida que conduz a uma proliferação excessiva dos glóbulos brancos.
Apesar dos sinais serem, frequentemente, impercetíveis, quais as suas manifestações clínicas e como é feito o seu diagnóstico?
Não é raro ser diagnosticada em análises de rotina. Por outro lado, sintomas como o cansaço fácil, suor exagerado, emagrecimento, sensação de desconforto abdominal podem surgir, embora não sejam específicos da doença.
Relativamente ao seu tratamento, se até há uns anos a esperança média de vida era relativamente curta, hoje em dia já é possível viver mais e melhor com a doença. Assim, pergunto: que opções terapêuticas existem para a tratar a Leucemia Mieloide Crónica e que inovações têm existido nesta área?
Como foi referido acima, a introdução no início do século XXI dos TKI veio revolucionar o tratamento e prognóstico da doença. No entanto, há uma pequena percentagem para a qual a transplantação de medula óssea continua a ser necessária.
Como evolui esta doença e que complicações lhe podem estar associadas?
Adequadamente tratada, com o apoio de um laboratório de biologia molecular que permite avaliar com grande rigor a resposta ao tratamento, é possível estabilizar a doença e, nalguns casos, parar o tratamento. As complicações atualmente são sobretudo iatrogénicas, associadas aos efeitos adversos dos TKI.
Quais as ideias-chave sobre este tema?
- Diagnóstico deve ser confirmado com recurso a citogenética e biologia molecular
- Doença tratável, por vezes curável com a medicação
- Necessidade de tratamento e acompanhamento por um especialista na área, que tenha ao seu dispor os recursos laboratoriais indispensáveis à boa condução do tratamento.