Lavandarias Hospitalares: a importância do processo de lavagem e desinfeção de roupa
A roupa processada inclui maioritariamente lençóis, fronhas, cobertores, colchas, batas, roupa de bloco, almofadas, entre outros. Tanto o tipo de roupa como o tipo de sujidade variam muito, no entanto, a atenção deve estar concentrada nos casos mais adversos. Como sabemos o ambiente hospitalar toda a roupa é considerada contaminada, por isso muito suscetível a doenças, algumas transmissíveis, que poderão ser transportadas pela roupa, e por isso é necessário fazer uma avaliação de todo o circuito de processamento da roupa no sentido correto.
O processamento da roupa tem várias etapas, todas elas deverão ser executadas com a maior exigência possível, mas podemos dividi-las em dois grupos: fase suja e fase limpa.
A fase suja inclui as etapas de recolha e transporte da roupa, a receção, caracterização e separação da roupa suja. Nesta fase, existem riscos de transmissão de doenças da unidade hospitalar para o exterior, colocando em risco principalmente os operadores. A existência de equipamentos de proteção individual é obrigatória, como luvas, bata e óculos, assim como a disponibilidade de produtos desinfetantes para a desinfeção pessoal dos operadores.
A etapa de lavagem e desinfeção de roupa funciona como zona tampão entre a fase limpa e a fase suja. É nesta etapa que se converta a roupa suja em roupa limpa, e conseguinte, faz-se a passagem de uma fase suja para uma zona limpa. Neste ponto concreto é necessário haver uma barreira sanitária a garantir que a “sujidade” não passa da zona suja para a zona limpa.
Esta barreira sanitária, no caso da lavagem da roupa é feita pela própria máquina, mas existem diversos pontos de controlo que é necessário restringir: operadores, carrinhos de transporte de roupa, entre outros, que andam entre a zona limpa e a zona suja. Muitas das vezes a barreira sanitária é física, existindo pontos de desinfeção garantida quando se faz uma passagem, feita por pedilúvios, barreiras de nebulização ou pulverização.
Depois desta etapa, entramos na fase limpa, onde a roupa está em condições de ser utilizada em meios hospitalares e por isso é necessário haver um controlo na entrada de agentes patogénicos que poderão estar em contacto com a roupa.
O controlo microbiológico nesta fase tem de ser exigente, visto que se o processamento não for feito corretamente, a entrada na unidade hospitalar por parte de roupa mal processada pode ser a fonte de transmissão de doenças para os pacientes
Processo de Lavagem e Desinfeção
Não excluindo as restantes etapas da importância que têm na diminuição do risco de contaminações, a etapa do processo de lavagem e desinfeção da roupa é a mais crucial no controlo de microrganismos.
O processo de lavagem e desinfeção da roupa é assegurado tendo em conta três fatores: temperaturas de processo; produtos químicos utilizados no processo e tempos de lavagem. No entanto, estes fatores podem ser afetados pelo funcionamento da máquina e do sistema de doseamento de produtos.
Estes três fatores são complementares, ou seja, com o aumento de um existe a diminuição de outro. No exemplo abaixo, verificamos que ao aumentar a quantidade de produto desinfetante de 2ml para 18ml e o tempo de contacto em 5 min, foi possível diminuir a temperatura de lavagem de 70ºC para 40ºC.
Apesar de não existir uma norma de desinfeção europeia padrão, estes fatores são determinados pelo responsável técnico e devem estar acordo com os procedimentos de desinfeção reconhecidos em institutos reconhecidos mundialmente, e independentes.
Um destes órgãos é o Robert Kock Institute, que é um Instituto Federal de Saúde Pública competente e funcional, encarregado da implementação de uma política de cuidados de saúde responsável e eficiente na Alemanha.
Outro é o Instituto Hohenstein, que é um centro de pesquisa e serviço independente, reconhecido internacionalmente, com mais de 150 cientistas e outros funcionários experientes. Nos laboratórios, a pesquisa fundamental e de aplicação está focada em produtos e processos inovadores para a indústria têxtil, vestuário e tratamento. Os institutos realizaram a primeira pesquisa exaustiva e estudos de campo, conduzindo ao desenvolvimento de tecnologias de tratamento têxtil amigas do ambiente.
Além de se estabelecer um processo de lavagem eficiente na desinfeção da roupa, com características reconhecidas, é importante estabelecer um sistema de controlo e supervisionamento de todas a etapas na gestão do tratamento de roupa hospitalar – RABC.
RABC
O sistema RABC (Risco, Análise, Biocontaminação e Controlo) é baseado na norma padrão EN 14065 relativa à roupa processada em lavandarias que estabelece um sistema de controlo de biocontaminação.
O seu objetivo é garantir a qualidade microbiológica da roupa processada para ser utilizada em setores específicos como indústria farmacêutica, dispositivos médicos, indústria alimentar, saúde e cosméticos.
Antes da implementação do RABC é necessário tomar algumas ações preliminares e ter em atenção alguns pré-requisitos:
- Compromisso da administração
- Criação da equipa RABC
- Higiene das instalações e ambiente de trabalho
- Definição da utilização final pretendida para o têxtil
- Preparação de um fluxograma da roupa
- Especificação do processo, de acordo com o tipo de tecido e natureza da sujidade
- Formação de conhecimentos e competências
Este sistema tem 7 princípios que levam ao controlo e eliminação da atividade microbiológica:
- Inventariar todos os perigos microbiológicos e ações de controlo
- Definir pontos de controlo (CPs) para verificação de potenciais riscos
- Estabelecer níveis e limites alvo e tolerâncias
- Conceber um sistema de monitorização para testar e supervisionar os CPs
- Fixar ações corretivas caso os limites sejam excedidos
- Implementar um sistema de verificação para confirmar a efetividade do RABC
- Criar e manter a documentação necessária
A roupa hospitalar, devido à exigência dos requisitos do mercado hospitalar, deve ser processada de acordo com procedimentos rigorosos que garantem uma qualidade apropriada.