Já conhece a doença Mão-Pé-Boca?
Provocada por um enterovírus – habitualmente o vírus Coxsackie A e o Enterovirus 71 -, a Doença Mão-Pé-Boca é uma doença exantemática (que apresenta manifestações cutâneas essenciais para o seu diagnóstico) benigna e que atinge, sobretudo, crianças pequenas. Embora seja bastante rara durante a idade adulta, há, contudo, relatos de casos em jovens adultos.
Tratando-se de um vírus que encontra no trato gastrointestinal condições ideais para se replicar, e que “pode viajar” nos fluidos corporais da criança infetada, ele pode ser encontrado nas secreções nasais, saliva, fluido das lesões cutâneas e fezes do doente. Assim sendo, a transmissão desta doença ocorre pelo contacto de fezes (por exemplo, na muda da fralda), ingestão de água ou alimentos contaminados, inalação de gotículas respiratórias e contacto com mãos ou objetos infetados.
De acordo com a pediatra Manuela Costa Alves, “é mais provável que ocorra a transmissão da infeção durante a primeira semana de doença. Contudo, o vírus pode ainda persistir algum tempo após os sintomas desapareceram, sobretudo nas fezes”.
Em matéria de prevenção é, por isso, muito importante lavar frequentemente bem as mãos, com água e sabão, e ensinar as crianças a fazer o mesmo. “É igualmente importante manter a sua casa limpa e desinfetar os tampos de mesa, brinquedos e outros objetos com que o seu filho contacte”, explica a especialista.
Lesões cutâneas são semelhantes a aftas e causam dor
Dor de garganta, febre alta e perda de apetite são, habitualmente, os primeiros sintomas desta doença infeciosa viral. Só depois, entre um a dois dias, surgem a primeiras lesões cutâneas, sendo a boca a primeira zona do corpo a ser atingida. Estas apresentam um aspecto semelhante às aftas e atingem, sobretudo, as bochechas, gengivas e região interna dos lábios. Bastante dolorosas, levam a que a criança se recuse a comer.
As lesões, tipicamente do tipo vesicular, são dolorosas.
Foto: MSD Manuals
Depois da boca são as mãos e os pés a apresentar lesões do tipo vesicular e que podem romper libertando um líquido altamente contagioso. Para além das palmas das mãos e das plantas dos pés, esta erupção cutânea pode surgir nos braços (cotovelos), joelhos, nádegas e região genital.
Estas lesões duram entre 7 a 10 dias e evoluem espontaneamente para a cura, pelo que não existe um tratamento específico para a doença. “A maioria dos casos de DMPB são autolimitados, necessitando apenas de tratamento dos sintomas”, explica a médica pediatra.
No entanto, podem ser necessárias algumas medidas para ajudar ao alívio dos sintomas como:
- Reforçar a hidratação oral e da pele, já que as crianças correm maior risco de desidratação. “Deve estar atenta se o seu filho ingere menos líquidos e/ou está a urinar menos que o habitual. Em alguns casos, quando as lesões da cavidade oral comprometem a ingestão de líquidos, poderá ser necessário instituir fluidoterapia endovenosa”, justifica a especialista;
- Vigiar e controlar a febre;
- Oferecer alimentos pastosos e mornos/frios (por exemplo iogurtes, gelatina), evitando alimentos quentes e/ou ácidos, uma vez que estes podem agravar as lesões da boca e a dor;
- Se tiver prurido intenso, a criança poderá ser medicada com um anti-histamínico.
Embora a doença não obrigue a evicção escolar, recomenda-se que a criança permaneça em casa, evitando o contacto com outras crianças sobretudo durante a primeira semana.